Economia

Superávit de 1,2% do PIB é duro, mas factível, diz Tombini

Meta foi anunciada por futuro ministro Joaquim Levy, que se comprometeu em tornar contabilidade pública mais transparente e a cortar repasse aos bancos públicos


	Alexandre Tombini, do Banco Central: "O governo terá condições de atingir esse número"
 (Valter Campanato/ABr)

Alexandre Tombini, do Banco Central: "O governo terá condições de atingir esse número" (Valter Campanato/ABr)

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Da Redação

Publicado em 9 de dezembro de 2014 às 14h26.

Brasília - O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, classificou a meta de superávit primário de 1,2% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2015 como "número duro, na realidade difícil, mas sim, factível".

A meta foi anunciada pelo futuro ministro da Fazenda, Joaquim Levy, que se comprometeu em tornar a contabilidade pública mais transparente e a cortar o repasse de dinheiro aos bancos públicos.

"O governo terá condições de atingir esse número", disse Tombini nesta terça-feira, 09, durante audiência pública no Congresso Nacional, quando questionado pelos parlamentares se a meta é factível.

Além da meta de 1,2% do PIB em 2015, Levy anunciou superávit primário de, no mínimo, 2% do PIB nos dois anos seguintes.

Segundo o futuro ministro da Fazenda, esse patamar é compatível com o objetivo de reduzir o endividamento do setor público.

Tombini disse que o BC acompanha a volatilidade externa e que não tem visto nada diferente do Brasil em relação a outras economias.

"Está em curso um movimento internacional de fortalecimento do dólar", afirmou.

Recuperação

Tombini traçou um cenário de "recuperação gradual" da economia brasileira no próximo ano.

Ele afirmou que a despeito das baixas projeções do Produto Interno Bruto (PIB) de 2015, haverá mudanças favoráveis entre as atividades que puxarão a atividade econômica.

As projeções de uma centena de economistas ouvidos pelo Banco Central para a pesquisa Focus aponta que o PIB de 2015 deve ser de 0,73%.

Tombini acredita que os investimentos devem ganhar impulso graças à retomada da confiança dos empresários e das famílias e das concessões públicas, especialmente nas áreas de exploração de petróleo.

Para ele, a melhora na economia mundial e a depreciação do real contribuirão para aumentar as exportações brasileiras e melhorar o resultado da balança comercial do País.

O presidente do BC disse que o consumo crescerá em menor ritmo do que anos anteriores, mas continuará apoiado na expansão da renda dos trabalhadores e do mercado de crédito, que segue expandindo em ritmo compatível ao da atividade.

Do lado da oferta, Tombini citou a expectativa de um novo recorde na safra de grãos.

Para a indústria, que teve resultado pífio neste ano, espera maturação dos investimentos, especialmente no setor de petróleo e gás.

No entendimento do presidente do BC, embora o setor de serviços deva continuar desacelerando, as condições de mercado de trabalho devem permanecer favoráveis, segundo ele, por causa da geração de empregos e da manutenção da expansão da renda do trabalhador.

"Por tudo isso, o crescimento terá melhores fundamentos nos próximos anos", afirmou Tombini aos parlamentares.

Ele ressaltou, porém, que para crescer a taxas mais altas é preciso aumentar a produtividade, investir em "fontes complementares", como o acesso à educação e a qualificação da mão de obra.

Política fiscal

O presidente do BC atrelou a convergência da inflação para o centro da meta ao sucesso da política fiscal do futuro ministro da Fazenda.

Para ele, a confiança dos empresários e das famílias só voltarão com uma atuação mais afinada do BC e do Ministério da Fazenda.

"Em relação ao conjunto das políticas macroeconômicas, entendo que o fortalecimento da política fiscal por meio de um processo consistente e crível de consolidação de receitas e despesas, rigorosamente conduzido, deverá, ao longo do tempo, facilitar a convergência da inflação para a meta de 4,5% ao ano", afirmou.

O IPCA na leitura em 12 meses fechou novembro em 6,56%, acima do teto da meta.

Tombini afirmou que para conduzir a inflação para o centro da meta é importante o controle dos gastos públicos por parte do governo porque, só assim, as ações de política monetária se tornam mais eficazes.

"Quanto mais apertada a política fiscal, tanto melhor para a política monetária. Senão, fica mais trabalhoso", afirmou Tombini. "Tenho falado isso há quatro anos", completou.

Imediatamente, um dos parlamentares retrucou: "O problema é que eles não lhe ouvem".

Tombini deu um sorriso amarelo e disse: "Enfim..." Para o BC, a política fiscal está caminhando num horizonte relevante de expansionista para a neutralidade.

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