Economia

Sucessão de ministério pode ameaçar privatização da Eletrobras

Segundo fontes, senador Edison Lobão tem conseguido retomar a influência sobre o setor elétrico e poderá indicar o próximo ministro

Eletrobras: sucesso de um dos senadores na disputa pelo ministério pode até inviabilizar privatização de seis distribuidoras de energia da companhia que atuam no Norte e Nordeste (Nadia Sussman/Bloomberg)

Eletrobras: sucesso de um dos senadores na disputa pelo ministério pode até inviabilizar privatização de seis distribuidoras de energia da companhia que atuam no Norte e Nordeste (Nadia Sussman/Bloomberg)

R

Reuters

Publicado em 20 de março de 2018 às 15h26.

Rio de Janeiro/São Paulo - A sucessão do ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho, que deixará o cargo em abril para disputar eleições, tem gerado preocupação em defensores da privatização da Eletrobras, à medida que políticos contrários às medidas propostas para a estatal ganham força na definição do novo chefe da pasta, disseram à Reuters duas fontes com conhecimento do assunto.

O senador Edison Lobão (MDB-MA), que chegou a chefiar a área nos governos Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, tem conseguido retomar a influência sobre o setor elétrico e poderá indicar o próximo ministro, disseram as duas fontes, que falaram sob a condição de anonimato porque as conversas sobre o tema ainda correm em sigilo.

O senador Eduardo Braga (MDB-AM), que também foi ministro de Minas e Energia no governo Dilma, também tem se movimentado para nomear alguém para a pasta, adicionou uma das fontes.

Segundo uma das fontes, o sucesso de Lobão ou Braga na disputa pelo ministério pode até mesmo inviabilizar a privatização de seis distribuidoras de energia da Eletrobras que atuam no Norte e Nordeste, cujo leilão o governo federal tem dito que pretende realizar até maio.

"É o pior cenário para os trabalhadores das empresas, para os fornecedores e para a Eletrobras, mas é um cenário possível hoje", afirmou a fonte, que vê "forças que estão trabalhando para sabotar a privatização".

A segunda fonte disse ver o mesmo movimento, que poderia "fazer água" com os planos de desestatizar as distribuidoras da estatal e posteriormente a própria Eletrobras.

"Quanto mais para o lado do Lobão a sucessão for, mais comprometida fica a agenda...temos mais 15 dias para ver para que lado o governo vai...pode ser a continuidade do avanço ou um retrocesso", afirmou.

Em relatório na semana passada, a consultoria de risco político Eurasia escreveu que as movimentações de Braga e Lobão, se confirmadas, serão "um sinal ruim" para o plano de privatização.

Segundo a consultoria, o mercado trabalha com a expectativa de que a pasta será assumida pelo atual secretário-executivo, Paulo Pedrosa, ou o secretário de petróleo e gás, Marcio Felix, e um caminho diferente poderia levar à renúncia de quadros técnicos da pasta.

Uma das fontes confirmou à Reuters que haverá a saída de técnicos importantes de Minas e Energia caso se confirme a opção por um nome indicado por Lobão e Braga.

O ministro Coelho Filho tem dito publicamente que sairá do cargo em abril para disputar eleições em seu Estado natal, Pernambuco.

Por outro lado, os senadores Lobão e Braga já têm avançado para retomar seus espaços no setor de energia.

A Reuters publicou em janeiro que Lobão pretende indicar seu apadrinhado André Pepitone para ser o próximo diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) em agosto, quando vence o mandato do atual chefe do órgão regulador, Romeu Rufino.

Já Braga foi eleito recentemente para presidir uma comissão mista criada no Congresso Nacional para analisar uma medida provisória sobre a privatização da Eletrobras, a MP 814/2017.

Procurados por meio das assessorias de imprensa, Braga e Lobão não responderam de imediato a pedidos de comentário.

Acompanhe tudo sobre:AneelEletrobrasEnergiaMinistério de Minas e EnergiaPrivatização

Mais de Economia

Boletim Focus: mercado reduz para 4,63% expectativa de inflação para 2024

Lula se reúne hoje com Haddad para receber redação final do pacote de corte de gastos

Economia argentina cai 0,3% em setembro, quarto mês seguido de retração

Governo anuncia bloqueio orçamentário de R$ 6 bilhões para cumprir meta fiscal