Economia

S&P: rating do Brasil pode ser rebaixado antes das eleições

Para o diretor-geral de ratings soberanos da S&P, a consolidação das contas do Brasil tem sido muito gradual para um problema severo

S&P: "Comprometimento não é o suficiente. É preciso ver resultados" (AFP/Stan Honda/AFP)

S&P: "Comprometimento não é o suficiente. É preciso ver resultados" (AFP/Stan Honda/AFP)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 22 de agosto de 2017 às 19h04.

São Paulo - O diretor-geral de ratings soberanos da S&P Global Ratings, Roberto Sifon Arevalo, afirmou a jornalistas nesta terça-feira, 22, que a agência de classificação de risco pode não esperar os resultados da eleição de 2018 para alterar a nota do Brasil, que, com perspectiva negativa, tem chance maior de ser rebaixada do que melhorada.

Sifon afirma que a equipe econômica do presidente Michel Temer tem mostrado "nível elevado de comprometimento e disposição" em implementar medidas para o ajuste fiscal.

Ao mesmo tempo, a consolidação das contas do Brasil tem sido muito gradual para um problema severo, pois houve forte deterioração nas contas públicas nos últimos anos.

A turbulência política em Brasília tem dificultado o ajuste, ele diz. "Claramente a situação política no Brasil é complicada, para dizer o mínimo, e ainda muito fluida", disse ele. Ao mesmo tempo, uma agência de classificação de risco quer ver avanços concretos, ressaltou Sifon.

"Comprometimento não é o suficiente. É preciso ver resultados", disse o diretor da S&P, ressaltando que a agência vai avaliar uma série de fatores para decidir se muda o rating brasileiro nos próximos meses, principalmente o avanço das reformas estruturais.

É preciso medidas que alterem a dinâmica da dívida pública, que está caminhando em ritmo sustentável. Uma das principais é a reforma da Previdência, que responde por metade do gasto do governo.

A Previdência parece ser o que tem o maior impacto na trajetória da dívida, disse ele aos jornalistas. Perguntado sobre as perspectivas de aprovação da reforma durante o governo Temer, preferiu não fazer previsões.

Para o diretor, a mudança da meta de déficit primário, anunciada na semana passada, não foi uma boa notícia e melhor seria se não tivesse ocorrido. "Não é um sinal encorajador, mas entendemos a situação."

Logo após o anúncio, a S&P retirou o rating soberano brasileiro da observação negativa para rebaixamento, mas manteve a perspectiva negativa, indicando que a probabilidade de corte da nota é maior que a de melhora. A agência deu um prazo de 6 a 9 meses para reavaliar a nota.

Sifon Arevalo acha pouco provável, dada a dimensão da deterioração fiscal do País, que o Brasil recupere a classificação grau de investimento em um prazo de cinco anos.

"É raro ver países que perderam a classificação recuperar a nota nesse período", disse ele. O Uruguai, por exemplo, demorou mais de 15 anos para recuperar a classificação.

O diretor da S&P disse estar pouco otimista sobre a recuperação da economia brasileira este ano.

"Apenas parou de declinar", disse ele, ressaltando que a previsão da agência de classificação para a expansão do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro é de menos de 0,5% este ano, nível mais baixo que a maioria dos países da economia mundial.

Acompanhe tudo sobre:Agências de ratingEleiçõesRatingStandard & Poor's

Mais de Economia

Residências entrarão no mercado livre de energia elétrica em 2027

Senado aprova lei do licenciamento com emenda que acelera exploração de petróleo na Foz do Amazonas

China pede ‘calma’ para preservar comércio global ainda não afetado pela guerra tarifária

INSS: Ministério Público Federal recomenda que cidadãos vulneráveis sejam ressarcidos em 30 dias