Otimismo e cautela: Paulo Guedes, Daniel Goldberg e André Lahoz no EXAME Fórum 2016 (Flávio Santana/Biofoto)
Tatiana Vaz
Publicado em 30 de setembro de 2016 às 18h40.
São Paulo – Seria muito arriscado investir em um país que passou por um recente processo de impeachment, com uma crise econômica interna e 40 milhões de desempregados, certo?
Bom, parece que não é isso o que pensam os investidores estrangeiros, segundo apontam Paulo Guedes, sócio da gestora Bozano Investimentos, e Daniel Goldberg, sócio da gestora Farallon Latin America, no EXAME Fórum 2016, que acontece hoje em São Paulo.
Guedes é mais otimista, Goldberg mais cauteloso, mas os dois unânimes na crença de que o Brasil está no radar dos investidores pelas oportunidades de crescimento – e melhorias – que pode vir a apresentar se colocar em prática as propostas que o governo disse que irá cumprir.
Propostas que incluem um teto de gastos para o governo e uma reforma trabalhista e da previdência, que deveriam ter sido feitas há tempos, defendem os dois.
“É tão mais fácil fazer tratamento de canal com anestesia do que sem e é como faremos”, disse Guedes, em uma alusão a reforma fiscal que está prevista para ser feita no país, hoje com um cenário econômico bem mais estável do que antes do plano real.
Para ele, há duas constatações importantes a serem feitas em relação ao momento em que vivemos. A primeira é que o mundo está em conserto “ e não se sabe até quando”, afirma, dando como exemplo de quebra de alguns paradigmas a saída da Inglaterra da zona do Euro.
A segunda é que a sociedade brasileira é aberta, com uma dinâmica institucional que deixa claro que ninguém está acima da lei, disse referindo-se ao impeachment e as prisões decorrentes da operação Lava Jato no país.
“Evoluímos muito como a democracia emergente que somos, mas é preciso coragem para fazer os ajustes necessários para continuar a crescer”, afirmou Guedes.
Na sua opinião, sobra dinheiro, força de trabalho e tecnologia no mundo. Falta empreendedores e boas ideias e oportunidades. “Isso nós temos”, disse.
Goldberg concorda que há oportunidade, mas há também um risco maior do que o custo de se investir no país.
“A despeito do que se pensa, a bolsa brasileira não está barata”, afirmou ele.
Quando se calcula o retorno de se investir no Brasil comparado a investir em negócios, aportar recursos em companhias de infraestrutura mostra-se uma boa escolha.
“Isso em um primeiro momento. Depois, com a queda do risco Brasil, ativos de empresa de setores relacionados, como o de cimento, tendem a ser tão atrativos quanto”, comenta.