Economia

Solatio fará a maior usina de energia solar do Brasil no Piauí

Planta terá capacidade de 4 GW e alimentará futura fábrica de hidrogênio verde

Paineis de energia solar (Divulgação)

Paineis de energia solar (Divulgação)

Rafael Balago
Rafael Balago

Repórter de macroeconomia

Publicado em 4 de junho de 2024 às 17h23.

Última atualização em 6 de junho de 2024 às 08h34.

A empresa de energia solar Solatio anunciou nesta terça, 4, que construirá uma usina de energia solar com capacidade de gerar 4 GW. Será a maior planta do tipo já feita no Brasil.

A nova unidade ficará em Bom Princípio do Piauí, na região de Parnaíba, no norte do estado. A energia será usada para alimentar uma fábrica de hidrogênio verde da Solatio, que tem previsão de entrar em funcionamento em 2028, na mesma região. O investimento será de R$ 10 bilhões.

"Vamos começar a construção em 2025, e a entrega será em janeiro de 2028, para coincidir com a entrega da fábrica de hidrogênio", disse Pedro Vaquer, presidente da Solatio. O anúncio foi feito durante a Conferência Internacional de Tecnologias das Energias Renováveis (Citer), em Teresina, nesta terça, 4.

Um memorando de entendimento foi assinado com o governo do Piauí para a instalação da planta. Um grupo de proprietários de terrenos onde ficará a obra também assinou contratos com a Solatio.

"O estado do Piauí todo consome 750 MWh. Estamos falando de um projeto que só em um ponto vai consumir 3 mil MWh", completa Vaquer.

Atualmente, a maior usina de energia solar no país fica em Janaúba, MG, e tem 1,6 GW de capacidade. Essa medida significa o máximo de potência de geração de cada unidade de produção de energia solar.

A produção da nova usina será usada apenas para a fabricação de hidrogênio e deve fazer com que a Solatio consiga ter energia própria suficiente para alimentar a fábrica. Ter um suprimento contínuo e barato de energia é fundamental para o negócio.

"O custo da energia responde por 80% do valor do hidrogênio verde", diz Victor Hugo Ricco, gerente de desenvolvimento de negócios da Eletrobras.

O projeto da Solatio começará a ser construído no começo de 2025 e a construção terá seis fases, de 1,9 GW de produção de hidrogênio em cada uma delas, até chegar ao total de 11,4 GW.

Além da Solatio, há outro projeto de hidrogênio no Piauí, da Green Energy Park, com capacidade de gerar 10,8 GW. Ele está na fase de elaboração dos projetos de engenharia.

A expectativa é que os dois projetos, somados, tragam R$ 200 bilhões em investimentos até a próxima década, com geração de 20 mil empregos.

O que é hidrogênio verde?

O hidrogênio pode ser usado como combustível em váris funções, por exemplo, mover motores, aquecer caldeiras em fábricas e como ingrediente em processos industriais, como a produção de fertilzantes.

A matéria-prima para produzir o gás hidrogênio é a água — cuja molécula é composta por dois átomos de hidrogênio e um de oxigênio.

Por um processo de eletrólise, que usa energia elétrica, o hidrogênio que compõe a água é separado do oxigênio. Se a origem da energia usada neste processo for de fontes limpas, como solar, eólica ou hidrelétrica, o produto ganha o selo de hidrogênio verde.

Como o Brasil possui energia de fonte hidrelétrica em grandes quantidades, além de várias plantas de produção de energia eólica e solar, o país tem grande potencial para produzir hidrogênio verde.

Quem compra hidrogênio verde na prática está levando energia limpa. É como se os europeus pudessem importar a energia gerada pelo sol e pelo vento para usar em seus países.

O repórter viajou a convite da Citer.

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