Economia

Paulo Skaf critica política econômica de Dilma

Segundo Skaf, enquanto a marca do governo FHC foi a estabilidade monetária e do governo Lula foi distribuição de renda, Dilma ainda não disse a que veio

De acordo com Skaf, o aumento da taxa básica de juros não tem o poder de reduzir os preços dos alimentos e de commodities (Kenia Hernandes/VEJA São Paulo)

De acordo com Skaf, o aumento da taxa básica de juros não tem o poder de reduzir os preços dos alimentos e de commodities (Kenia Hernandes/VEJA São Paulo)

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Da Redação

Publicado em 13 de dezembro de 2011 às 15h52.

São Paulo - O presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, afirmou hoje que o governo da presidente Dilma Rousseff ainda não tem uma marca, ao contrário dos governos dos ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva. Durante evento em que fez um balanço de 2011 e projeções para 2012, Skaf fez duras críticas à política econômica do governo Dilma, que, segundo ele, exagerou nas medidas para conter a demanda e o crescimento neste ano.

Segundo Skaf, enquanto a marca do governo FHC foi a estabilidade monetária e a Lei de Responsabilidade Fiscal, e a do governo Lula foi a distribuição de renda e a ascensão da classe média, o governo Dilma, ao menos em seu primeiro ano, ainda não mostrou a que veio.

"Mudança de ministros não pode ser considerada uma marca. Faxina, então, é um termo até estranho, porque no fundo foi a presidente quem escolheu os ministros que saíram. Ao rever essas nomeações, ela reconhece um erro, o que até é um mérito, pois é preferível errar e corrigir a se omitir", afirmou. Para Skaf, Dilma tem o apoio da maioria do Congresso e poderia aprovar medidas para solucionar muitos problemas do País, entre eles, a guerra fiscal entre os Estados, a guerra dos portos e a burocracia. "Não será desta Federação que o governo vai ouvir elogios."

Skaf também fez críticas à política econômica do governo da presidente Dilma Rousseff. "Em ano como o de 2011, em que o governo anuncia um crescimento de 5% e termina com metade disso, podemos dizer que, ou o governo errou, ou exagerou na dose das medidas para esfriar a economia", afirmou. "Na nossa visão, poderíamos ter tido um resultado muito melhor neste ano. O País não avançou, só marcou passo."


Para o presidente da Fiesp, o Comitê de Política Monetária (Copom) errou ao elevar os juros ao longo do primeiro semestre do ano. "A crise ainda não chegou ao Brasil, mas o País já esfriou. Aconteceu aquilo que nós falávamos que iria acontecer. Foi errado o aumento dos juros no primeiro semestre, foi errada a preocupação com a demanda", criticou.

De acordo com Skaf, o aumento da taxa básica de juros não tem o poder de reduzir os preços dos alimentos e de commodities. "Não sou a favor de uma inflação mais alta nem acho que isso é necessário para termos mais crescimento", afirmou. "Mas, se a inflação estourar o teto da meta, será por pouco. Então, podemos considerar que vai terminar no teto, o que já estava previsto desde o início do ano."

O diretor do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos da Fiesp, Paulo Francini, disse a que entidade é favorável ao sistema de metas de inflação. Ponderou, porém, que, durante momentos de redução da atividade econômica, a inflação tende a cair mesmo que os juros não sejam elevados. Segundo o assessor de assuntos estratégicos da Presidência da Fiesp, André Rebelo, os serviços estão pressionadas devido à incorporação de 30 milhões de pessoas à classe média. "Essa pressão dos preços dos serviços está relacionada ao ajuste estrutural pelo qual a economia está passando por causa da distribuição de renda", afirmou.

Skaf criticou também a política de defesa comercial do governo. "Não existe equipe de defesa comercial à altura do País", afirmou, ressaltando que se referia ao tamanho da equipe, mas não à qualidade dos funcionários. Segundo ele, o País tem hoje um câmbio irreal, que reduz a competitividade dos produtos brasileiros, alto custo logístico, de energia elétrica e de gás. "Não sei se falta sensibilidade ou conscientização por parte do governo sobre a importância da indústria brasileira."

As medidas já adotadas pelo governo direcionadas à indústria foram "muito calmas", avaliou Skaf. "O Reintegra, a única medida horizontal, porque todas as outras foram setoriais, até agora não foi regulamentado", disse. "Encerramos o ano com juros altos, crédito reduzido, importações desenfreadas, câmbio valorizado e volátil."

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