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Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h44.
Sindicalistas liderados pela Força Sindical iniciaram hoje uma negociação com a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) para reduzir a jornada de trabalho para 40 horas semanais sem corte de salários. Depois de um protesto em frente à sede da entidade, na Avenida Paulista, os trabalhadores entregaram um documento, assinado por 50 sindicatos de metalúrgicos, químicos, indústria de alimentos, construção civil e vestuário, entre outros, segundo o qual a diminuição da jornada poderia gerar até 2,5 milhões de empregos.
O presidente da Força Sindical, deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho, não descartou a possibilidade de greve caso as negociações com os empresários não avancem. "O Brasil vai crescer 6%, a indústria está operando com capacidade acima de 80%. Ou tem negociação ou teremos greve. Vai ficar mais barato para o empresariado negociar", afirmou. De acordo com os sindicatos, a mão de obra na produção da indústria representa 22% do custo final do produto, de forma que a diminuição da jornada sem redução salarial teria um impacto de 1,99% sobre a produção.
Representando a indústria de estamparia, lâmpadas, equipamentos odontológicos, material bélico, móveis de metal e tratamento de superfície, o coordenador da Fiesp Jaime Borges Gamboa contestou os dados do estudo. Segundo ele, a redução da jornada não criará empregos e, se aprovada, representaria um aumento de 9,09% nos salários dos trabalhadores, custo que seria repassado ao produto e ao consumidor.
"A redução de jornada não cria nenhum emprego. Se a economia não estiver crescendo de forma sustentável, não há criação de postos de trabalho. A proposta não é manter, mas aumentar os salários", afirmou. "Muitos países que reduziram a jornada de trabalho estão voltando atrás. Não é o momento adequado para se fazer isso.
Há 15 anos no Congresso, a Proposta de Emenda Constitucional 231/95, que reduz a jornada, foi aprovada por uma comissão especial da Câmara e precisa ser votada em dois turnos pelo plenário. As centrais estão aumentando a pressão para aprovar a proposta. Paulinho reclamou que os líderes dos partidos estão evitando colocar a PEC para votação. "Infelizmente a Casa não tem atendido os trabalhadores", afirmou.
Já Gamboa mostrou preocupação com o andamento da PEC. "No próprio Congresso não está havendo consenso, mas temos um presidente que é sindicalista e pode ser que ele queira atender esse pleito. Ele tem força para fazer as coisas andarem no Congresso", admitiu.
O gerente do Departamento Sindical da Fiesp, Marcio Antonio D'Angiolella, recebeu os trabalhadores, mas não quis fazer comentários sobre o projeto.