Economia

Setor químico voltará a investir com pacote, diz Abiquim

A indústria química é, juntamente com o setor de alumínio e siderurgia, uma das principais consumidoras de energia do País


	Fábrica da Carbocloro: ainda assim, o investimento em expansão de capacidade local está aquém do necessário
 (Claudio Rossi/VOCÊ S/A)

Fábrica da Carbocloro: ainda assim, o investimento em expansão de capacidade local está aquém do necessário (Claudio Rossi/VOCÊ S/A)

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Da Redação

Publicado em 11 de setembro de 2012 às 15h40.

São Paulo - A redução da tarifa de energia elétrica abre espaço para que a indústria química retome planos de investimentos. A análise foi feita por executivos do setor, ouvidos pela Agência Estado, que aguardam mais detalhes do pacote na tarde desta quarta-feira. "Com esses números, acredito que todo mundo irá refazer suas contas", destaca o vice-presidente e coordenador da Comissão de Economia da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), Marcos De Marchi.

A indústria química é, juntamente com o setor de alumínio e siderurgia, uma das principais consumidoras de energia do País. Por isso, o anúncio de queda das tarifas elétricas foi comemorado, principalmente entre executivos do setor de cloro-soda, que tem aproximadamente 40% dos custos totais associados à energia elétrica. No caso dos custos variáveis, a energia corresponde a 70% do gasto médio total de empresas do segmento.

De acordo com o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Álcalis, Cloro e Derivados (Abiclor), Aníbal do Vale, a queda de até 28% no preço da energia, se confirmada (o governo ainda não detalhou se o benefício será aplicado também no mercado livre de energia), devolve parte da perda de competitividade do setor. "Para retomarmos a competitividade em níveis internacionais, a redução precisaria ser de 30% a 35%. Mas a queda (de 28%) seria um número importante para que pudéssemos voltar a fazer as contas de investimentos", destaca.

A elevação dos custos e consequente redução da competitividade da indústria de cloro-soda no Brasil fez com que os investimentos do setor apresentassem baixa ou nenhuma atratividade nos últimos dez anos. Nesse período, destaca Vale, os aportes continuaram porque as empresas instaladas no Brasil achavam importante se posicionar para atender o crescimento da demanda do mercado local.


Ainda assim, o investimento em expansão de capacidade local está aquém do necessário. No primeiro semestre de 2012, por exemplo, o Brasil importou 617,4 mil toneladas de soda cáustica, pouco abaixo da produção total de 691,5 mil toneladas no mesmo período. Desse modo, a relação entre produção local e necessidade de importação no Brasil é de praticamente um para um.

A produção de soda, usada para abastecer a indústria de alumínio e papel e celulose, entre outras, é limitada pela pouca atratividade de novos investimentos e pela correlação com cloro - ou seja, para justificar aumento de capacidade, a indústria de cloro-soda depende também do aumento da demanda interna por cloro, usado principalmente na produção de PVC. "O anúncio do governo é um passo importante para tentarmos reduzir o déficit do setor", sintetiza Vale, que também preside a Carbocloro.

O presidente executivo da Abiquim, Fernando Figueiredo, reforça a sinalização positiva dada pelo governo com o pacote de redução do custo da energia e o anúncio de outras medidas importantes, como investimentos na áreas de ferrovia e rodovia. "É claramente um passo na direção correta. Somos um setor cujo horizonte de planejamento é de no mínimo quatro a cinco anos e por isso precisamos de sinalização de longo prazo. E, anunciando medidas agora, o governo dá uma sinalização importante para a indústria química", diz. O setor responde por aproximadamente 20% das importações totais do Brasil e, em 2012, deve registrar déficit de quase US$ 30 bilhões.

De Marchi, que além de vice-presidente da Abiquim é também o novo diretor presidente da Elekeiroz, disse que o custo de energia no Brasil ainda ficaria cerca de 50% mais caro do que os valores nos Estados Unidos após a queda dos preços. Mas, segundo ele, mesmo com a manutenção de uma diferença entre os preços dos dois países, o anúncio do governo mostra-se positivo para a competitividade da indústria nacional. "É razão para aplaudirmos, que o governo esteja fazendo algo nesse sentido", afirmou o executivo.

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