(Bruno Domingos/Reuters)
Reuters
Publicado em 30 de setembro de 2020 às 10h36.
Última atualização em 30 de setembro de 2020 às 10h37.
O setor público consolidado brasileiro teve déficit primário de 87,59 bilhões de reais em agosto, abaixo do esperado pelo mercado, mas a dívida bruta voltou a renovar seu recorde histórico diante dos vultosos gastos do país com a crise do coronavírus.
Em pesquisa da Reuters, a expectativa era de um déficit maior, de 95,3 bilhões de reais para o mês.
Em agosto, a dívida pública bruta saltou ao patamar recorde de 88,8% do Produto Interno Bruto (PIB), sobre 86,4% em julho, divulgou o Banco Central nesta quarta-feira.
Segundo a autarquia, o aumentou deu-se principalmente pelas emissões líquidas, com impacto positivo de 1,8 ponto percentual, além da incorporação de juros nominais (+0,4 ponto) e o efeito da desvalorização cambial (+0,3 ponto).
No ano até agora, a dívida bruta, considerada o principal indicador da saúde fiscal do país, já subiu 13,0 pontos ante o fechamento de 2019. A expectativa mais recente do Ministério da Economia, divulgada nesta semana, é de que ela vá a 93,9% do PIB em dezembro, considerando uma retração da economia de 4,7%.
O Tesouro já avaliou que o patamar é considerado muito elevado ante média esperada para países emergentes de 62% ao fim deste ano.
A dívida líquida, por sua vez, subiu a 60,7% do PIB em agosto, ante 60,1% no mês anterior, mostraram os dados do BC.
O déficit primário do governo central (governo federal, BC e Previdência) foi de 96,47 bilhões de reais no período. Enquanto isso, Estados e municípios registraram superávit de 9,10 bilhões de reais e as empresas estatais ficaram no vermelho em 219 milhões de reais.
Na véspera, o Tesouro já havia informado um rombo recorde para agosto para o governo central, com um pequeno aumento nas receitas sendo insuficiente para fazer frente à forte elevação das despesas em meio à pandemia.
Nos oito primeiros meses do ano, o déficit do setor público consolidado foi a 571,37 bilhões de reais e, em 12 meses, o rombo foi de 611,29 bilhões de reais, equivalente a 8,5% do Produto Interno Bruto (PIB).
O Ministério da Economia estimou que o déficit do setor público consolidado será de 895,8 bilhões de reais neste ano, correspondente a 12,5% do PIB.