Economia

Setor de veículos piora projeção para produção em 2016

A Anfavea reduziu a expectativa para a produção de veículos neste ano de alta de 0,5 por cento para queda de 5,5 por cento


	Carros: "Os primeiros sinais de recuperação começam a aparecer e por isso esperamos uma recuperação mais efetiva mais para o fim do ano"
 (Paulo Whitaker / Reuters)

Carros: "Os primeiros sinais de recuperação começam a aparecer e por isso esperamos uma recuperação mais efetiva mais para o fim do ano" (Paulo Whitaker / Reuters)

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Da Redação

Publicado em 6 de junho de 2016 às 15h45.

São Paulo - A indústria de veículos brasileira piorou projeções para produção e vendas no país neste ano, mas elevou nesta segunda-feira as estimativas para exportações, informou a entidade que representa o setor, Anfavea.

O setor havia divulgado em janeiro projeções que apontavam ligeiro crescimento na produção e uma queda mais modesta nas vendas, mas depois da agitação política que enfraqueceu a economia e derrubou as vendas a associação já vinha avisando que reveria seus dados para baixo.

A Anfavea reduziu a expectativa para a produção de veículos neste ano de alta de 0,5 por cento para queda de 5,5 por cento, a 2,296 milhões de unidades, menor volume desde 2004 e terceiro recuo consecutivo.

A nova perspectiva, porém, é melhor que o desempenho da produção no acumulado de janeiro a maio, de queda de 24,3 por cento, a 834 mil veículos.

"Os primeiros sinais de recuperação começam a aparecer e por isso esperamos uma recuperação mais efetiva mais para o fim do ano e uma retomada a partir do próximo ano", disse o presidente da Anfavea, Antonio Megale, a jornalistas.

Ele citou como sinais a estabilização da média diária de vendas de veículos nos últimos meses e esforços do governo interino em melhorar a confiança na economia por meio de anúncios de diretrizes como corte e limitação de gasto público.

"É uma questão de confiança (...) isso produz um cenário mais estável, o que melhora a confiança dos consumidores e empresários", disse Megale, que citou um "esforço muito grande do governo para dar previsibilidade" para a economia.

As montadoras do país encerraram maio com cerca de 50 por cento de sua capacidade ociosa e o número de vagas ocupadas voltou a cair, recuando 7,4 por cento sobre um ano antes, a cerca de 128 mil empregos.

Megale afirmou que atualmente 27 mil trabalhadores do setor estão sob alguma forma de restrição, seja suspensão de contratos (layoff) ou inseridos no Programa de Proteção ao Emprego (PPE), que permite corte de jornada mediante redução de salário.

A projeção para as vendas de veículos no mercado interno também foi revista para queda de 19 por cento, a 2,08 milhões de unidades, ante estimativa apresentada no início deste ano de queda de 7,5 por cento.

Neste caso, a nova projeção também é melhor que a queda acumulada de janeiro a maio, de 26,6 por cento, a 811,7 mil veículos.

Se esta estimativa for confirmada, será a quarta queda anual nas vendas e nível mais baixo de emplacamentos desde 2006.

Exportação em alta 

Já a expectativa para as vendas externas subiu de crescimento de 8 por cento para expansão de 21,5 por cento, a 507 mil veículos.

Megale afirmou que o volume de meio milhão de veículos exportados é importante e que a entidade está focada em ampliar vendas para mercados na América Latina e África.

Segundo ele, Brasil e Argentina devem conseguir até o final deste mês acordo para renovarem o atual pacto comercial entre ambos os países "com pequenos ajustes".

Atualmente, cada dólar importado dá direito à exportação de 1,5 dólar, disse Megale. A Argentina segue como principal destino das vendas externas de veículos do Brasil.

A intenção do setor é que o acordo atual, que vence no final de junho, seja renovado por pelo menos dois anos, disse Megale, que se reúne nesta semana com representantes do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços antes de uma rodada de negociações na Argentina no final desta semana.

Outro importante foco comercial das montadoras brasileiras, o Irã, ainda não se decidiu sobre de quem vai comprar 140 mil carros, 35 mil caminhões e 17 mil ônibus, disse Megale

. Ele acrescentou que alguns fabricantes do país já desistiram de participar do negócio diante dos requisitos da encomenda, que é focada em veículos movidos a gás.

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