Imagem de restaurante vazio em meio à pandemia do coronavírus, em São Paulo. 19/3/2020. REUTERS/Rahel Patrasso (Rahel Patrasso/Reuters)
Ligia Tuon
Publicado em 12 de maio de 2020 às 09h06.
Última atualização em 12 de maio de 2020 às 10h28.
O volume do setor de serviços do Brasil caiu 6,9% em março ante fevereiro e teve queda de 2,7% na comparação com o mesmo mês do ano anterior, alcançando o pior resultado do setor na série histórica da Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), iniciada em janeiro de 2011, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta terça-feira, 12.
Trata-se da segunda queda mensal consecutiva do setor, que, em fevereiro, retraiu 1%. A piora veio com as medidas de isolamento social para conter o avanço do contágio do novo coronavírus, que começaram na segunda metade de março. Já a queda anual de 2,7% interrompe uma sequência de seis taxas positivas.
No mês, todas as cinco atividades pesquisadas pelo IBGE tiveram quedas, com destaque para serviços prestados às famílias (-31,2%) e transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio (-9%). Fazem parte dos serviços prestados às famílias restaurantes e hotéis, que sofreram bastante com o fechamento das atividades não essenciais pelo país.
O IBGE ressalta que algumas empresas de setores considerados não essenciais, como restaurantes, conseguiram adaptar suas atividades para funcionar de forma parcial, com sistema de delivery, por exemplo. Outros, no entanto, não tiveram essa opção, como é o caso dos hotéis, que acabaram fechando.
Essa limitação resultou em uma queda de 30% nos serviços ligados a atividades turísticas, que envolve os segmentos de hotéis, restaurantes, transportes aéreos de passageiros e agências de viagens. Essa retração também foi a mais acentuada desde o início da série histórica, também iniciada em janeiro de 2011.
Regionalmente, esse indicador caiu com mais força em São Paulo (-28,8%), seguido de Rio de Janeiro (-36,6%) e Minas Gerais (-30,8%). Todas as 12 unidades da federação pesquisadas tiveram queda, revela o levantamento.
Os serviços correspondem a cerca de 70% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro e são muito sensíveis a variações da demanda interna, já que dependem do apetite e poder dos consumidores . Os efeitos drásticos que o setor vem sofrendo com as regras de quarentena estimulam pressões de vários os lados para a reabertura das atividades, mesmo com a orientação contrária de autoridades da Saúde nacionais e internacionais.
Foi o terceiro decreto assinado pelo presidente nesse sentido. No final de março, igrejas e lotéricas foram consideradas como atividades essenciais. Na semana passada, liberou também como essenciais a produção industrial e a construção civil e avisou que outros viriam. O texto original incluiu serviços como supermercados, farmácias e serviços de saúde, produção e transmissão de energia e combustível, entre outros.
A lista não para de crescer, mas, nos estados, há resistência dos governadores em seguir a nova definição.