Economia

Setor de máquinas encerrará 2013 com déficit histórico

Indústria deve fechar o ano com déficit recorde superior a 20 bilhões de dólares em sua balança comercial


	Exportações e importações: segundo a Abimaq, o déficit acumulado em 2013 até outubro na balança comercial do setor foi de 17,13 bilhões de dólares
 (REUTERS/Andres Stapff)

Exportações e importações: segundo a Abimaq, o déficit acumulado em 2013 até outubro na balança comercial do setor foi de 17,13 bilhões de dólares (REUTERS/Andres Stapff)

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Da Redação

Publicado em 27 de novembro de 2013 às 19h02.

São Paulo - A indústria brasileira de máquinas e equipamentos deve fechar 2013 com déficit recorde superior a 20 bilhões de dólares em sua balança comercial e queda no faturamento bruto, diante do baixo nível de investimento do país e de importações da China, disse nesta quarta-feira a entidade que representa o setor.

Segundo a Abimaq, o déficit acumulado em 2013 até outubro na balança comercial do setor foi de 17,13 bilhões de dólares, crescimento de 22,3 por cento ante mesmo período de 2012, apesar da desvalorização do real no segundo semestre, o que em tese favorece as exportações.

O faturamento bruto do setor no período teve retração de 5 por cento ante mesmo período de 2012, a 66,96 bilhões de reais.

"Dificilmente os meses de novembro e dezembro vão conseguir reverter a situação", disse o diretor-secretário da Abimaq, Carlos Pastoriza, a jornalistas.

Ele evitou fazer projeções sobre o desempenho do setor em 2014, diante de incertezas sobre possíveis incentivos à indústria, incluindo a prorrogação do Programa de Sustentação do Investimento (PSI), que oferece juros reduzidos no financiamento para aquisição de bens de capital novos.

"Para termos uma perspectiva otimista, algumas coisas importantes estão com o governo, como a prorrogação do PSI em condições competitivas similares a este ano em 2014", afirmou, acrescentando ainda que "dada a realidade de que o ambiente macroeconômico pouco vai mudar no ano que vem, dependemos do projeto Inovar-Máquinas".

Pastoriza se referiu a projeto em que a Abimaq propõe renovação do parque industrial do país com incentivos à produção nacional.

"Não é reserva de mercado, é ampliar a possibilidade de que boa parte desta demanda seja apropriada pela produção nacional", disse Mario Bernardini, economista da entidade durante apresentação dos números do setor de outubro.

Além da queda no faturamento do setor, Pastoriza afirmou que as margens dos fabricantes seguem pressionadas pela competição com bens importados. "Com o dólar neste nível, a pressão é brutal e não há margem nenhuma", afirmou, defendendo uma cotação do dólar acima de 2,60 reais.


"O setor está cada vez mais se comportando como montador de subconjuntos ou como importador (...) país sem uma indústria de bens de capital é colônia, vamos exportar matéria-prima e importar produto acabado, o que deixará o país eternamente pobre", disse o diretor-secretário da Abimaq.

Outubro

O faturamento bruto da indústria de máquinas e equipamentos do Brasil recuou 1,2 por cento em outubro em relação ao mesmo período do ano passado, para 7,174 bilhões de reais, puxada pela queda nas exportações e alta nas importações.

As exportações do setor no mês somaram 1,209 bilhão de dólares, queda anual de 13,9 por cento. Já as importações somaram 2,95 bilhões de dólares, alta anual de 2,4 por cento.

A entidade informou ainda que o consumo aparente --produção nacional mais importações, menos exportações-- de máquinas e equipamentos no Brasil em outubro cresceu 5,6 por cento sobre um ano antes, para 10,89 bilhões de reais.

Nos primeiros dez meses do ano, o consumo foi de 102,49 bilhões de reais, alta de 6,9 por cento ante igual etapa de 2012.

"Se retirarmos efeito cambial, houve crescimento de apenas 1,4 por cento", disse Pastoriza. "Foi um ano perdido para efeito dos investimentos que o país precisa fazer, que já são poucos em relação à participação no PIB." A expectativa da Abimaq é que a formação bruta de capital fixo, uma medida do investimento, do Brasil fique em 18,5 por cento em 2013.

O setor terminou setembro com uso de 76,8 por cento da capacidade instalada, ante 77,8 por cento no mês anterior e 72,6 por cento em outubro do ano passado.

Já a carteira de pedidos encolheu 5,4 por cento em outubro na comparação com setembro e 14,4 por cento no ano a ano, puxada por queda maior em bens sob encomenda.

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