Economia

Setor de calçado investirá em exportação para expandir

A avaliação foi feita nesta segunda-feira, 13, por Francisco Santos, presidente e fundador da Couromoda


	Calçados: no ano passado, o mercado interno de calçados apresentou uma desaceleração no crescimento e fechou o ano com expansão de 2%
 (practicalowl/Creative Commons)

Calçados: no ano passado, o mercado interno de calçados apresentou uma desaceleração no crescimento e fechou o ano com expansão de 2% (practicalowl/Creative Commons)

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Da Redação

Publicado em 13 de janeiro de 2014 às 14h56.

São Paulo - O setor de calçados brasileiro chegou a um momento de saturação no mercado interno e seu crescimento apenas ocorrerá com o aumento das exportações. A avaliação foi feita nesta segunda-feira, 13, por Francisco Santos, presidente e fundador da Couromoda durante a abertura da 41ª edição da Feira Internacional de Calçados, Artefatos de Couro e Acessórios de Moda, na capital paulista.

"Nossa indústria terá que enfrentar novos tempos de um Brasil que vai crescer mais lentamente. Manteremos o mercado interno como base de sustentação para o setor, mas o único caminho mais elástico para ampliarmos a produção é investir na exportação", afirmou.

No ano passado, o mercado interno de calçados apresentou uma desaceleração no crescimento e fechou o ano com expansão de 2%, movimentando cerca de R$ 46 bilhões.

"O mercado interno vinha crescendo a números chineses, dobrou de tamanho nos últimos dez anos, mas em 2013 a economia deu uma desacelerada e fechamos com um crescimento nominal de 7,8% no consumo interno, o que tirando a inflação dá 2%", explicou.

Santos afirma que 2014 será um ano difícil para o mercado interno. "Há algumas expectativas mais otimistas que falam em algo em torno de 4% de expansão neste ano. Queremos seguramente superar os 2% de 2013, mas ainda sou um pouco reticente em relação a 2014. Acho que vamos andar um pouco de lado, é um ano difícil, ano de eleição, quando as coisas todas são postergadas. Espero no mínimo repetir o numero de 2013", disse.

Já no caso das exportações, apesar de a associação do setor ainda não ter divulgado os números fechados do ano passado, a estimativa é de que o desempenho do setor em 2013 tenha repetido ou se aproximado do US$ 1,1 bilhão vendido em 2012.

"Na medida em que o mercado interno parou de crescer, o mercado externo parou de cair. Em 2007, exportávamos quase US$ 2 bilhões", afirmou Santos.


Segundo o executivo, apesar de ainda estar longe da meta de repetir os números de 2007, o segmento está investindo em políticas para voltar a ganhar espaço nas exportações.

"Hoje o setor tem uma capacidade instalada para produzir 1,1 bilhão de pares de calçados por ano e grande parte dessa produção tem que ser exportada."

O Brasil enfrenta atualmente concorrência asiática, já que países como China, Índia, Vietnã e Malásia se prepararam para ser máquinas das exportações, avaliou Santos.

"O Brasil sofre com isso e perde mercado", disse o executivo, ressaltando que o País já não é mais dependente de apenas um grande cliente e exporta para mais de 150 países.

"Mas está difícil recompor os preços. Somos competitivos da porta para dentro da fábrica e, por isso, precisamos de uma política de desonerações."

Santos disse que o grande perigo da falta de competitividade externa é estimular as importações. "Não se pode desindustrializar um setor tão gerador de mão de obra", afirmou, ressaltando, que essa indústria, do curtume até a loja, gera pouco mais de 1 milhão de empregos. "Só nas fábricas de sapatos são 350 mil emprego diretos e temos 500 mil no varejo."

Negócios

A 41ª da Couromoda deve receber mais de 85 mil visitas durante os quatro dias de realização. São cerca de 1.500 expositores em uma área de 85 mil metros quadrados no pavilhão do Anhembi.

A feira apresenta mais de 2 mil coleções de calçados, bolsas e acessórios. A expectativa é de que durante os quatro dias de evento sejam gerados cerca de 35% dos negócios que devem abastecer o segmento ao longo de 2014.

"Depois de um ano atípico em 2013, quando a economia andou a passos mais lentos, a feira logo no início do ano será um termômetro para a economia do País", disse Santos.

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