Economia

Setor agrícola quer implementação veloz de plano para portos

Para o setor, que pediu agilidade do governo, os problemas de infraestrutura no curto prazo continuam


	Terminal de soja no porto de Santos: "Só o anúncio [do governo] não movimenta carga", afirmou o gerente de economia da Abiove
 (Germano Lüders/EXAME.com)

Terminal de soja no porto de Santos: "Só o anúncio [do governo] não movimenta carga", afirmou o gerente de economia da Abiove (Germano Lüders/EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 6 de dezembro de 2012 às 16h18.

São Paulo - Representantes do setor agrícola receberam com otimismo o plano lançado nesta quinta-feira pelo governo federal para investimentos em portos, mas cobraram agilidade na execução das obras, que poderão reduzir filas de navios e melhorar o fluxo de mercadorias para o exterior.

"São obras muito importantes. Estamos com obras de rodovias em Mato Grosso e no Centro-Oeste. Agora é preciso ter os portos para o escoamento... Esperamos que haja agilidade nos processos a partir de agora", disse Carlos Fávaro, presidente da Associação dos Produtores de Soja de Mato Grosso, o principal Estado produtor do grão no país e um dos que mais sofre com a logística deficitária.

O Executivo anunciou um plano para investimentos de 54,2 bilhões de reais em portos até 2017 , quase quatro meses após o ter divulgado um pacote de concessões de ferrovias e rodovias com investimentos totais de 133 bilhões de reais ao longo de 25 anos.

As exportações do agronegócio brasileiro cresceram muito nos últimos anos, colocando ainda mais pressão sobre a infraestrutura portuária brasileira.

Os embarques do complexo soja, incluindo grãos, óleo e farelo, cresceram mais de 70 por cento entre 2001 e 2011, atingindo 49 milhões de toneladas ao ano.


Já os embarques de milho oscilaram na última década, mas têm grande potencial para crescer, como mostram os sucessivos recordes mensais deste ano.

"Na área de infraestrutura houve poucas mudanças significativas", disse Daniel Furlan Amaral, gerente de economia da Abiove, associação que reúne as indústrias de soja do país.

"Todo anúncio desse tipo é muito bem-vindo pelo setor, mostrando que o governo tem uma preocupação com a logística. Mas os investimentos públicos precisam ser realizados. Já há 10 anos vemos planos sendo lançados, mas acabam não sendo executados no ritmo que deveriam. Só o anúncio não movimenta carga."

AÇÚCAR

O açúcar é outra commodity agrícola que historicamente encontra dificuldades para ser escoada pelos portos nos momentos de grande produção e demanda internacional.

"No curto prazo a situação é complicada, e a expectativa para próximo ano não é boa. Deveremos ter problemas de logística", disse o analista Júlio Maria Borges, da Job Economia.

Ele lembra que haverá uma boa produção do adoçante chegando aos portos no mesmo momento em o Brasil estará colhendo uma safra recorde de grãos.


"Em 2013 deveremos ter dificuldade grande na exportação de açúcar. Vamos competir com soja e milho no início do ano", disse.

Por outro lado, no médio prazo, Borges considera positivo o anúncio do plano do governo.

"Os investimentos vão aliviar uma condição desvantajosa que o Brasil tem hoje frente a outros grandes exportadores, como Tailândia e Austrália."

INVESTIMENTOS

A Abiove vê com cautela e analisará o ponto do plano do governo que prevê licitação de todos os 55 arrendamentos portuários anteriores à Lei dos Portos, de 1993.

Segundo o gerente de economia, a mudança de regras para terminais privados pode trazer insegurança jurídica.

"As empresas vão ter que observar isso, se não vai atrapalhar ou prejudicar planos de investimentos", disse Amaral.


Falando em Brasília sobre este ponto do plano, a ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, disse que há "um bloco que não tem mais como renovar o contrato porque não prevê prorrogação. Um outro bloco são os que têm possibilidade de prorrogação, esses continuarão desde que cumpram requisitos de investimento e maior movimentação".

Diversas grandes empresas do setor de grãos, entre elas as principais tradings, como Bunge, Cargill, ADM e Louis Dreyfuss operam terminais portuários privados no país.

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