Serra: durante o evento, Serra voltou a defender maior agressividade nos acordos bilaterais do Mercosul (José Cruz/Agência Brasil)
Estadão Conteúdo
Publicado em 2 de dezembro de 2016 às 19h12.
Última atualização em 2 de dezembro de 2016 às 19h36.
São Paulo - O ministro das Relações Exteriores, José Serra, disse nesta sexta-feira, 2, que o governo só vai oferecer concessões comerciais onde forem respeitados princípios de reciprocidade.
Ou seja, só realizará concessões se a contraparte oferecer uma compensação.
"Esse não é um costume brasileiro, mas é um costume que temos que implantar", afirmou Serra, durante discurso em congresso promovido pela Abiquim, associação que representa a indústria de produtos químicos.
Serra deu como exemplo a negociação entre Mercosul e União Europeia, onde os europeus pedem, segundo ele, uma navegação de cabotagem mais aberta dos parceiros sul-americanos.
O chanceler comentou que essa é uma área na qual é possível ceder, desde que venha algo em troca do lado europeu. "Temos que nos preparar melhor para esse tipo de batalha."
Durante o evento, Serra voltou a defender maior agressividade nos acordos bilaterais do Mercosul, assim como a remoção das 80 barreiras de comércio dentro do bloco - a "primeira tarefa" a ser feita pela união aduaneira.
A jornalistas, considerou que o impasse com a Venezuela, cuja suspensão do bloco foi comunicada ontem pelos países-membro, não constituiu grande obstáculo à evolução das negociações do Mercosul.
Também reafirmou que as eleições na Alemanha e na França dificultam um acordo com a União Europeia, prioridade do governo brasileiro, já no ano que vem.
Ao tratar novamente de entraves à competitividade brasileira num contexto de maior abertura comercial, Serra afirmou que, sem dinheiro, o governo tem enfrentado o problema da deficiência na infraestrutura com o programa de concessões.
Também disse esperar que os juros básicos da economia, a Selic - com impacto no custo financeiro - sejam reduzidos "bastante" no médio e longo prazo.
Serra também adiantou que, após o fracasso de 50 acordos de facilitação de comércio com os Estados Unidos, a ideia da gestão Temer é selecionar dez propostas de maior viabilidade e negociar com o futuro governo americano, a ser comandado por Donald Trump a partir de janeiro.