Roberto Campos Neto, indicado para presidente do Banco Central (Adriano Machado/Reuters)
João Pedro Caleiro
Publicado em 25 de fevereiro de 2019 às 10h15.
Última atualização em 25 de fevereiro de 2019 às 10h25.
Indicado pelo Presidente Jair Bolsonaro para presidir o Banco Central, Roberto Campos Neto deve ter mais do que o suficiente de votos para ser aprovado de acordo até mesmo com senadores de oposição. Mas concentração bancária e spreads altos devem constituir os principais questionamentos em sabatina.
Aguardado para responder à sabatina na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado no próximo dia 26 de fevereiro, Campos Neto teve durante a última semana encontros privados com vários senadores para se apresentar.
Os questionamentos mais frequentes apresentados pelos congressistas foram a respeito do que pode ser feito para reduzir os spreads bancários, além de pedidos para atuação mais forte para ampliar o mercado de crédito para micro e pequenas empresas.
Relator da indicação de Campos Neto, o senador Eduardo Braga (MDB-AM) estima que ele deve ter mais de 20 votos entre os 27 membros da CAE. Ainda assim, terá de expor suas visões a respeito de controle de inflação, juros altos, baixo crescimento e fraqueza do mercado de trabalho.
“Ele prometeu na reunião que tive com ele que irá olhar sobre formas de fomentar o crédito a micro e pequenas empresas, que ele acredita que são fundamentais para a recuperação econômica,” disse Braga em entrevista. “Ele entende que há uma concentração bancária alta no país e disse que gosta da ideia de estimular o surgimento de Fintechs como maneira de atacar esse problema”.
Campos Neto será sabatinado junto com dois diretores nomeados para o BC, João Manoel Pinho de Mello e Bruno Serra Fernandes.
Sua aprovação tanto na CAE como no plenário do Senado são esperados para a próxima semana, o que permite que ele tome posse e participe da próxima reunião do Comitê de Política Monetária, em 19 e 20 de março.
Mesmo o fato de ser oriundo do mercado financeiro não deve atrapalhar Campos Neto em sua aprovação, segundo senadores entrevistados.
“Ilan Goldfajn provou que profissionais competentes do mercado podem fazer um grande trabalho no controle da inflação,” disse o senador Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE).
“Seria ideal um projeto para discutir uma quarentena de seis meses antes de uma pessoa do setor privado assumir um cargo público dessa importância, mas isso não será um assunto para Campos Neto agora,” disse o senador oposicionista Rogério Carvalho (PT-SE). “Ele será aprovado, mas vamos questionar esses juros absurdos e o fato de o BC brasileiro ser um dos poucos no mundo que não tem meta de emprego também a perseguir”.