Economia

Senado aprova em 1º turno PEC que prevê novas regras para abono salarial

Mais cedo, senadores aprovaram primeiro projeto da PEC, mantendo, assim, o fim do Seguro Obrigatório para Proteção de Vítimas de Acidentes de Trânsito (DPVAT)

Publicado em 19 de dezembro de 2024 às 22h44.

Última atualização em 19 de dezembro de 2024 às 23h06.

O Senado aprovou nesta quinta-feira, 19, a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que prevê novas regras para o abono salarial e a prorrogação da desvinculação de receitas da União. A proposta, que integra o pacote fiscal do Ministério da Fazenda, recebeu 53 votos favoráveis e 21 contrários. 

O texto aprovado pelos senadores foi praticamente o mesmo que passou pelos deputados.

Foram mantidas as mudanças nas regras do abono salarial (PIS/Pasep), restringindo o acesso ao benefício. Além disso, a proposta amplia a utilização do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb) aliviando a carga financeira da União, estados e municípios com despesas relacionadas à educação.

Os senadores, no entanto, rejeitaram uma mudança introduzida pelos deputados, que permitia o uso de recursos do Fundeb para custear a merenda escolar. O trecho, retirado com o mecanismo de supressão de texto, permite que a PEC não precise voltar para a Câmara para ser promulgado. Isso ocorre porque a supressão não altera o conteúdo previamente aprovado pelos deputados, simplificando o processo.

Mais cedo, os senadores aprovaram o primeiro projeto do corte de gastos, mantendo, assim, o fim do Seguro Obrigatório para Proteção de Vítimas de Acidentes de Trânsito (DPVAT) e a limitação dos benefícios fiscais em caso de déficit nos cofres públicos.

A proposta estabelece que, a partir de 2025, estarão proibidas determinadas medidas em casos de déficit primário. Entre as restrições, destacam-se a concessão, ampliação ou renovação de incentivos e benefícios tributários, além do aumento real das despesas com pessoal e encargos acima de 0,6% ao ano, limite que ficará em vigor até 2030.

Também ficará vedada a utilização de superávit de fundos das Forças Armadas para a amortização de dívidas do governo. A única exceção para a ampliação de gastos será em situações de calamidade pública, desde que devidamente declaradas pelo Congresso Nacional.

O que muda com a PEC

Abono salarial (PIS/Pasep)

Atualmente, o abono salarial é concedido a trabalhadores formais que recebem até dois salários mínimos (R$ 2.640 em 2023). O benefício é proporcional aos meses trabalhados no ano anterior e corrigido pelo INPC somado ao ganho real do PIB.

Com a PEC, a partir de 2026, o limite de renda será reduzido para 1,5 salário mínimo, atingindo menos trabalhadores. Além disso, a correção anual será feita apenas pelo INPC, desvinculando-se do crescimento real do PIB.

Fundeb e educação integral

A proposta altera o uso dos recursos do Fundeb, permitindo que, a partir de 2025, até 10% do total destinado à educação básica pública seja aplicado em ações para ampliar matrículas em tempo integral.

Apesar de diminuir o dinheiro "carimbado" para a educação integral, o texto estabelece que, a partir de 2026, estados e municípios deverão destinar ao menos 4% do Fundeb para essa finalidade, alinhados às metas do Plano Nacional de Educação.

Supersalários 

A PEC determina que as exceções ao teto salarial do funcionalismo público sejam regulamentadas por lei ordinária, com abrangência nacional.

O teto é equivalente ao salário de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), atualmente R$ 44.008,52 (R$ 46.366,19 a partir de fevereiro de 2025).

Até que a lei seja aprovada, continuam válidas as indenizações previstas na legislação atual e as resoluções do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

Desvinculação de Receitas da União (DRU)

A DRU, que permite ao governo usar livremente 30% de receitas vinculadas, foi prorrogada até 2032.

No entanto, o texto exclui do alcance da DRU o Fundo Social do pré-sal e receitas destinadas à educação e saúde provenientes de royalties e acordos relacionados à exploração de petróleo.

Novas restrições e incentivos tributários

A PEC também limita o crescimento de despesas vinculadas a receitas até 2032, condicionando qualquer aumento ao teto do arcabouço fiscal (máximo de 2,5% ao ano).

Além disso, uma lei complementar futura definirá os critérios para concessão e ampliação de incentivos tributários.

Acompanhe tudo sobre:SenadoGastosGoverno LulaFernando Haddad

Mais de Economia

Senado aprova projeto que torna o Pronampe permanente; texto vai à sanção

Câmara aprova projeto que limita crescimento real do salário mínimo a até 2,5%; texto vai ao Senado

Senado aprova primeiro projeto do pacote de cortes e limita benefícios fiscais em caso de déficit

Abono do PIS /Pasep terá mudanças; entenda regra aprovada pela Câmara