Economia

Sem surpresa, Banco Central corta Selic de 8,25% para 7,5% ao ano

A decisão foi por unanimidade e sem viés e já era esperada pelo mercado, de acordo com o último Boletim Focus

Banco Central: Ritmo de corte da Selic é reduzido (Ueslei Marcelino/Reuters)

Banco Central: Ritmo de corte da Selic é reduzido (Ueslei Marcelino/Reuters)

Anderson Figo

Anderson Figo

Publicado em 25 de outubro de 2017 às 18h22.

Última atualização em 25 de outubro de 2017 às 18h51.

São Paulo — O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central anunciou nesta quarta-feira (25) um corte de 0,75 ponto percentual na taxa básica de juros da economia, que passou de 8,25% para 7,50% ao ano. Foi o nono corte consecutivo da Selic.

A decisão foi por unanimidade e sem viés e já era esperada pelo mercado, de acordo com o último Boletim Focus. A redução da Selic foi mais amena do que a adotada nas últimas quatro reuniões da autoridade monetária, quando a taxa foi cortada em um ponto percentual.

O Banco Central já havia sinalizado no comunicado da última reunião do Copom que poderia reduzir a intensidade do corte na Selic este mês. Na ocasião, a autoridade monetária disse que poderia ser adequada "uma redução moderada na magnitude de flexibilização monetária" se o cenário caminhasse dentro do esperado.

Agora, a Selic está apenas 0,25 ponto percentual acima de seu menor nível histórico (7,25% ao ano), alcançado em outubro de 2012 durante o segundo mandato da ex-presidente Dilma Rousseff.

Segundo as previsões do Focus, o mercado acredita que o juro básico vai romper o recorde de baixa na última reunião do Copom de 2017, em dezembro, quando espera-se que a Selic seja reduzida em mais 0,5 ponto percentual, para 7% ao ano, encerrando o ciclo de afrouxamento monetário. A projeção tem como base o ritmo moderado de retomada da economia, o que não deve pressionar a inflação no médio prazo.

O IPCA subiu 0,16% no mês passado, segundo o IBGE. Em 2017, a alta acumulada do índice de preços é de 1,78%. Já em 12 meses, é de 2,54%. As projeções do Focus indicam inflação de 3,06% neste ano, ligeiramente acima do piso da meta do governo de 3%.

A própria autoridade monetária ressaltou, em sua decisão nesta noite, que a trajetória da inflação está "favorável" e que o ciclo de corte da Selic deve ser encerrado em dezembro. "Esse cenário supõe trajetória de juros que encerra 2017 e 2018 em 7,0% e eleva-se para 8,0% ao longo de 2019".

Veja a decisão do Copom nesta quarta-feira, na íntegra:

O Copom decidiu, por unanimidade, reduzir a taxa Selic em 0,75 ponto percentual, para 7,50% a.a., sem viés.

A atualização do cenário básico do Copom pode ser descrita com as seguintes observações:

O conjunto dos indicadores de atividade econômica divulgados desde a última reunião do Copom mostra sinais compatíveis com a recuperação gradual da economia brasileira;

O cenário externo tem se mostrado favorável, na medida em que a atividade econômica global vem se recuperando sem pressionar em demasia as condições financeiras nas economias avançadas. Isso contribui para manter o apetite ao risco em relação a economias emergentes;

O Comitê julga que o cenário básico para a inflação tem evoluído conforme o esperado. O comportamento da inflação permanece favorável, com diversas medidas de inflação subjacente em níveis confortáveis, inclusive os componentes mais sensíveis ao ciclo econômico e à política monetária;

As expectativas de inflação apuradas pela pesquisa Focus recuaram para em torno de 3,1% para 2017 e 4,0% para 2018. As projeções para 2019 e 2020 mantiveram-se em torno de 4,25% e 4,0%, respectivamente; e

No cenário com trajetórias para as taxas de juros e câmbio extraídas da pesquisa Focus, as projeções do Copom situam-se em torno de 3,3% para 2017, 4,3% para 2018 e 4,2% para 2019. Esse cenário supõe trajetória de juros que encerra 2017 e 2018 em 7,0% e eleva-se para 8,0% ao longo de 2019.

O Comitê ressalta que seu cenário básico para a inflação envolve fatores de risco em ambas as direções. Por um lado, a combinação de (i) possíveis efeitos secundários do choque favorável nos preços de alimentos e da inflação de bens industriais em níveis correntes baixos e da (ii) possível propagação, por mecanismos inerciais, do nível baixo de inflação pode produzir trajetória prospectiva abaixo do esperado. Por outro lado, (iii) uma frustração das expectativas sobre a continuidade das reformas e ajustes necessários na economia brasileira pode afetar prêmios de risco e elevar a trajetória da inflação no horizonte relevante para a política monetária.  Esse risco se intensifica no caso de (iv) reversão do corrente cenário externo favorável para economias emergentes.

Considerando o cenário básico, o balanço de riscos e o amplo conjunto de informações disponíveis, o Copom decidiu, por unanimidade, pela redução da taxa básica de juros em 0,75 ponto percentual, para 7,50% a.a., sem viés. O Comitê entende que a convergência da inflação para a meta no horizonte relevante para a condução da política monetária, que inclui os anos-calendário de 2018 e 2019, é compatível com o processo de flexibilização monetária.

O Copom entende que a conjuntura econômica prescreve política monetária estimulativa, ou seja, com taxas de juros abaixo da taxa estrutural.

O Comitê enfatiza que o processo de reformas e ajustes necessários na economia brasileira contribui para a queda da sua taxa de juros estrutural.  As estimativas dessa taxa serão continuamente reavaliadas pelo Comitê.

A evolução do cenário básico, em linha com o esperado, e o estágio do ciclo de flexibilização tornaram adequada a redução da taxa básica de juros em 0,75 ponto percentual nesta reunião. Para a próxima reunião, caso o cenário básico evolua conforme esperado, e em razão do estágio do ciclo de flexibilização, o Comitê vê, neste momento, como adequada uma redução moderada na magnitude de flexibilização monetária. O Copom ressalta que o processo de flexibilização continuará dependendo da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos, de possíveis reavaliações da estimativa da extensão do ciclo e das projeções e expectativas de inflação.

Votaram por essa decisão os seguintes membros do Comitê: Ilan Goldfajn (Presidente), Carlos Viana de Carvalho, Isaac Sidney Menezes Ferreira, Maurício Costa de Moura, Otávio Ribeiro Damaso, Paulo Sérgio Neves de Souza, Reinaldo Le Grazie, Sidnei Corrêa Marques e Tiago Couto Berriel.

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