Economia

Sem Mantega, país recuperaria credibilidade, diz jornal

Segundo o Financial Times, o ministro da Fazenda "há muito tempo perdeu a consideração por parte dos investidores"


	Guido Mantega: "substituí-lo por um nome pró-mercado poderia fazer maravilhas", diz o texto
 (Peter Foley/Bloomberg)

Guido Mantega: "substituí-lo por um nome pró-mercado poderia fazer maravilhas", diz o texto (Peter Foley/Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 26 de fevereiro de 2014 às 10h11.

Londres - O jornal britânico Financial Times sugere que a saída do ministro da Fazenda, Guido Mantega, poderia ajudar o Brasil a recuperar a credibilidade. Em editorial publicado na edição desta quarta-feira, 26, o FT reconhece o esforço recente de Brasília em tentar melhorar a imagem com controle mais rígido da inflação e das contas públicas.

Mesmo assim, o jornal defende que "a maneira mais fácil seria sacudir a equipe" e o primeiro alvo seria Mantega, "que há muito tempo perdeu a consideração por parte dos investidores".

No editorial, o FT analisa a atual situação da economia brasileira e debate alternativas para o País recuperar a credibilidade e a força da economia. "A maneira mais fácil poderia ser sacudir a equipe. Guido Mantega, o ministro da Fazenda, há muito perdeu a consideração por parte dos investidores. Substituí-lo por um nome pró-mercado poderia fazer maravilhas", diz o texto.

Não é a primeira vez que a imprensa internacional fala na saída de Mantega. A revista The Economist já sugeriu a troca do ministro pelo menos duas vezes ao longo dos últimos meses.

O texto do FT lembra que o Brasil cresceu a um ritmo de 4% durante o governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Agora, o País está "à beira de uma recessão técnica e ninguém sabe de onde o crescimento pode vir".

Entre os problemas da economia brasileira, o texto cita a desaceleração do consumo, baixo investimento, gargalos na infraestrutura e o aumento do déficit externo gerado pela desaceleração dos preços das commodities.

"Dilma herdou alguns desses problemas de seu antecessor. Outros derivam do ambiente global pior. No entanto, enquanto se aproxima o fim de seu primeiro mandato, muitos problemas foram produzidos por ela também", diz o editorial.


Entre os exemplos de erros da equipe de Dilma o FT cita as isenções tributárias e outras medidas adotadas para incentivar a produção industrial, mas que "só aumentaram o déficit público, que foi camuflado pela contabilidade criativa".

"Ela incentivou o Banco Central a cortar taxas de juros, o que estimulou a economia e também o aumento da inflação", diz o texto, ao lembrar que isso também enfraqueceu o real, acelerando a inflação.

"Combinando o jeito mandão e o estilo sabe-tudo de Dilma, o resultado final é que a senhora Rousseff e seu governo perderam credibilidade aos olhos dos investidores, justo agora que os tempos estão ficando mais difíceis e ela precisa mais deles", diz o editorial.

Apesar de apontar os vários problemas, o FT diz que a situação "está longe de ser perdida". "Quase todos, no governo e fora dele, concordam em que a economia precisa mudar. A verdadeira questão é como", diz o texto.

O FT diz que as eleições presidenciais de outubro limitam o campo de reação. A disputa eleitoral, afirma o texto, vai adiar decisões difíceis. Então, outro caminho seria acelerar os investimentos em infraestrutura.

"No entanto, enquanto agora alguns projetos estão oferecendo condições mais atraentes aos investidores, outros estão definhando", diz o editorial, citando como exemplo que a concessão do Aeroporto de Guarulhos resultou, por enquanto, em apenas um "novo edifício garagem".

Por fim, também há morosidade do Congresso e Dilma teria pouca capacidade política para persuadir parlamentares, diz o texto.

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