Edifício sede do Banco Central: reunião sobre parcelado sem juros pode manter o empasse entre as partes (Rafa Neddermeyer/Agência Brasil)
Repórter especial de Macroeconomia
Publicado em 6 de novembro de 2023 às 18h59.
Última atualização em 6 de novembro de 2023 às 19h04.
O Banco Central (BC) realizará nesta terça-feira, 7, às 17h, a segunda reunião com representantes de bancos, empresas de maquininhas de cartão e varejistas para tratar dos juros rotativos do cartão de crédito e das compras parceladas. As partes chegam à mesa sem uma proposta acordada, afirmaram reservadamente pessoas que participam do debate.
Como mostrou a EXAME com exclusividade, na primeira reunião o presidente do BC, Roberto Campos Neto, propôs limitar as compras parceladas no cartão de crédito em 12 vezes e definir um teto para a tarifa de intercâmbio para compras no crédito. Atualmente, já existe um teto para a tarifa de intercâmbio nas compras feitas no débito.
A proposta de Campos Neto não agradou os bancos, que afirmam que a limitação em 12 parcelas não resolve o problema. As maiores instituições financeiras do país defendem uma redução ainda maior, sugestão que não agrada os varejistas e as empresas de maquininhas de cartão.
Já os varejistas e as empresas de maquininhas de cartão até topam limitar as compras parceladas em até 12 vezes, mas defendem que essa limitação não seja alterada no futuro, com reduções para nove e seis parcelas. A depender da decisão do BC, há risco de o caso parar nos tribunais diante do impacto econômico e social.
Atuando como mediador, o presidente do BC já afirmou publicamente que o parcelado sem juros é uma das causas das altas taxas de juros do rotativo do cartão. Além disso, Campos Neto disse recentemente que as parcelas levam ao endividamento e à inadimplência. Com isso, mesmo sem acordo, a autoridade monetária submeterá uma proposta ao Conselho Monetário Nacional (CMN).
A dúvida é como o governo se posicionará sobre o tema. O CMN é composto pelo presidente do BC, pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e pela ministra do Planejamento, Simone Tebet. Não está claro como Haddad e Tebet se posicionarão sobre o tema.
Além disso, a decisão final sobre o tema passa pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Lula sabe que essa medida afetará a vida de quem o elegeu e não há sinais de que ele está disposto a comprar essa briga.