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Selic pode cair até 1,5 ponto, após decepção com produção industrial de janeiro

Mercado eleva a expectativa de que o Banco Central aumente o ritmo de queda da taxa básica de juros

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 6 de março de 2009 às 14h49.

A frustração com os números da produção industrial de janeiro levou o mercado a apostar em uma queda maior da Selic na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), prevista para a semana que vem. Para os economistas, aumentaram as chances de um corte de até 1,5 ponto percentual, o que reduziria a Selic dos atuais 12,75% para 11,25% ao ano.

Os analistas entendem que os números divulgados nesta sexta-feira (6/3), pelo IBGE, mostram que toda a economia brasileira continua sentindo os efeitos da crise mundial. "Havia a expectativa de que dezembro seria o fundo do poço para o Brasil, e de que os números revelassem melhora em janeiro", afirma o economista-chefe da Sul América Investimentos, Newton Rosa.

Em dezembro, a indústria já havia recuado 12,4% em relação a novembro - o pior resultado desde 1991, quando o IBGE começou a apurar a série histórica. Os economistas esperavam que, em janeiro, a indústria desse um forte sinal de recuperação. Na média, as projeções convergiam para uma alta de 8,5% em relação a dezembro, e de uma queda de 11,2% contra janeiro do ano passado.

O que se viu, porém, foi uma recuperação bem mais tímida. O IBGE informou que a indústria cresceu apenas 2,3% sobre dezembro. Sobre janeiro do ano passado, a queda foi de 17,2%. "A ausência de uma linha clara de medidas para solucionar a crise do sistema financeiro não tem permitido a volta do mercado de crédito mundial e, consequentemente, mantido o quadro de forte desaceleração da economia global", afirma relatório do Banco Fibra, assinado pela economista-chefe Maristela Ansanelli, e pelo economista Flávio Mendes.

Tesoura maior

A Sul América Investimentos mantém a expectativa oficial de um corte de 1 ponto percentual dos juros na semana que vem. Mas Rosa não descarta uma atitude mais agressiva do Banco Central. "Há espaço para um corte mais forte", afirma o economista.

A corretora do Itaú aposta também em um corte de 1,5 ponto percentual. Em relatório, ela afirma que "a atividade industrial permanece embaraçada, e isso, somado às notícias mais negativas ao redor do mundo, sugere um crescimento futuro ainda mais fraco". Por isso, os economistas cortaram a projeção para o PIB. Em vez de uma alta de 1,5% neste ano, a corretora já espera apenas 0,6%.

O Banco Fator afirmou que "cresce a chance de corte mais agressivo da taxa de juros no Brasil", e que "a expectativa para a produção industrial e PIB de 2009 devem ser revisadas para baixo". A consultoria econômica LCA também informou que deverá revisar sua taxa de juros para baixo, após a reunião do Copom de abril.

Parte da resistência do BC em ampliar os cortes vem do argumento de que a inflação brasileira apresenta uma inércia maior que a dos outros países. Por isso, a convergência da taxa para o centro da meta de 4,5% é menor. Para o Banco Fibra, não há motivos para se preocupar com os preços. "Em um cenário de fortes quedas do ritmo de atividade e da inflação mundial, parece pouco provável um aumento das pressões inflacionárias domésticas", afirma. Sobre a inércia inflacionária, o Fibra observa que "não deve impedir a inflação brasileira de caminhar para patamares inferiores à meta dos próximos meses".

Rosa, da Sul América Investimentos, não descarta inclusive que o BC não apenas acelere o ritmo de cortes, como também rompa o patamar de juros projetado para dezembro. Rosa estima que a Selic chegue ao final do ano em 10,50%, mas reconhece que a gravidade da situação pode levar os juros a 9,75% ou 9,50%. "São números cada vez mais falados pelo mercado", diz.
 

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