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Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h43.
Brasília - O Banco Santander projeta que a Selic encerre 2010 em 12% ao ano. Isso se o impacto da capitalização do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) não pressionar para uma elevação ainda maior da taxa, na opinião do economista Cristiano Souza. Na semana passada, o Comitê de Política Monetária (Copom) já aumentou a taxa básica de juros, para 10,25% ao ano.
"Esse tipo de dinheiro na economia joga contra a política monetária e pode obrigar o BC a ser mais austero", comentou Souza. Isso porque, pelo seu raciocínio, enquanto a autoridade monetária enxuga o dinheiro em circulação, o Tesouro Nacional injeta recursos na economia por meio da instituição de fomento. Esse movimento tem se dado desde o ano passado e, atualmente, já soma R$ 180 bilhões.
Com esse discurso, o economista do Santander garante não ser contra o aumento dos investimentos do País. Ao contrário, segundo ele, este é um dos focos que não só o atual governo, mas, principalmente, os próximos deverão incentivar para evitar futuras pressões inflacionárias. "O problema do Brasil é de infraestrutura. E esse é um problema velho", avaliou. Pelos cálculos do banco, o IPCA deve encerrar 2010 em 5,5%.
Souza também enfatizou as consequências do aporte ao BNDES para o Brasil sob o ponto de vista fiscal. Ele ressaltou que a participação da instituição na dívida bruta do País cresceu substancialmente. "O que me preocupa é que o dinheiro é subsidiado para o BNDES e nem sempre esses recursos são alocados em infraestrutura", disse. Com isso, segundo o economista, aumenta a possibilidade de piorar o perfil da dívida pública brasileira. Não há preocupação do banco com a solvência do País, mas com o direcionamento de recursos para uma opção que não seja "interessante" para o Brasil.