Banco Central (Ueslei Marcelino/Reuters)
Anderson Figo
Publicado em 22 de outubro de 2017 às 07h00.
Última atualização em 22 de outubro de 2017 às 07h00.
São Paulo — O Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) fará nesta semana sua penúltima reunião do ano, na qual espera-se que a taxa básica de juros seja reduzida em 0,75 ponto percentual, indo dos atuais 8,25% para 7,50% ao ano. Essa é a projeção dos economistas, segundo a versão mais atualizada do Boletim Focus, do BC.
Caso seja confirmado, este será o nono corte consecutivo na Selic, que ficará bem próxima de 7,25% ao ano —seu menor nível histórico, alcançado em outubro de 2012 durante o segundo mandato da ex-presidente Dilma Rousseff. A decisão do Copom será anunciada na quarta-feira (25).
“O cenário benigno atual e futuro para a inflação, as expectativas ‘bem ancoradas’ para os preços, os buracos no mercado de trabalho e no setor produtivo e a dinâmica de câmbio amplamente estável devem, juntos, permitir que o Banco Central continue com o afrouxamento monetário nos próximos meses”, disse em nota o economista Alberto Ramos, do Goldman Sachs.
Acompanhando o mercado, Ramos acredita em um corte de 0,75 ponto percentual na Selic na reunião do Copom em outubro, e em mais uma redução de 0,50 ponto percentual no juro básico em dezembro, na última reunião do Comitê em 2017, levando a taxa para 7% ao ano —recorde histórico.
“O ambiente de baixa inflação e as condições financeiras acomodativas devem apoiar a recuperação cíclica esperada da economia brasileira durante o restante de 2017 e ao longo de 2018”, completou o economista.
Enquanto praticamente todos os bancos e casas de análise projetam que a Selic deve fechar 2017 em 7% ao ano, a Modal Asset destoa do consenso e acredita que há espaço para o Banco Central derrubar um pouco mais os juros em dezembro, para 6,75% ao ano —0,50 ponto percentual abaixo do atual menor patamar histórico da Selic.
Segundo Daniel Silva, economista do Modal Asset, o cenário para a inflação esperado para esta época do ano está melhor do que o que a casa projetava, o que abre espaço para o ajuste para baixo na perspectiva de Selic em dezembro.
“O primeiro fator que suporta a nossa projeção é a inflação, que está baixa e não deve ser pressionada pela atividade por enquanto. A inflação de serviços está baixa, assim como a da indústria. Nos preocupamos um pouquinho com a inflação de alimentos no começo do mês, com o clima afetando os preços dos produtos in natura, mas eles já voltaram à normalidade”, disse.
Além da inflação, o economista ressaltou que a atividade mais fraca, apesar de uma lenta recuperação, não tem força para pressionar os preços, o que mantém o cenário positivo para o BC promover um corte maior nos juros. “Demoraria bastante tempo para que o ritmo da atividade voltasse a nos preocupar em relação à inflação.”
“O terceiro ponto que apoia nosso cenário é a expectativa de que o governo irá pressionar sua base para tentar avançar na reforma da previdência ainda neste ano, especialmente depois de rejeitada a segunda denúncia contra o presidente Michel Temer. E, mesmo que isso não ocorra, apenas a fraca atividade já seria suficiente para permitir o corte maior da Selic”, afirmou.
Para 2018, o economista do Modal Asset acredita que o juro básico será mantido em 6,75% ao ano. “Mas pode ser que sofra pequenas altas após as eleições, no fim do ano. Provavelmente ambas de 0,25 ponto percentual. Isso vai depender do comportamento dos preços e dos investimentos no país, além do consumo das famílias.”