Banco Central: Selic é a taxa básica de juros da economia brasileira. (Ueslei Marcelino/Reuters)
Da Redação
Publicado em 4 de maio de 2022 às 19h12.
Última atualização em 13 de julho de 2022 às 16h38.
O Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, decidiu, nesta quarta-feira, 4, aumentar a taxa básica de juros do país, a Selic, para 12,75%, ao ano. Isso representa um ponto percentual a mais que a última mudança, definida no encontro feito há um mês.
Com isso, o juro básico brasileiro atingiu o maior patamar desde fevereiro de 2017, quando a taxa estava em 13%. É ainda a décima alta consecutiva neste ciclo de aperto monetário, que começou em março de 2021, com a Selic na mínima histórica de 2%, acumulando 10,75 pontos de ajuste.
"O ambiente externo seguiu se deteriorando. As pressões inflacionárias decorrentes da pandemia se intensificaram com problemas de oferta advindos da nova onda de covid-19 na China e da guerra na Ucrânia. A reprecificação da política monetária nos países avançados eleva a incerteza e gera volatilidade adicional, particularmente nos países emergentes", justificou o Copom.
Na última reunião do Copom, em março, o Banco Central já havia sinalizado que, desta vez, a alta seria de um ponto percentual. O objetivo é segurar a inflação, que continua crescendo. Em abril, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) subiu 1,73%, maior taxa para o mês em 27 anos.
O IPCA-15, considerado uma prévia da inflação oficial, acumula alta de 4,31% no ano e de 12,03% em 12 meses. Economistas acreditam que o ano deve terminar com inflação a 7,89%, mostra o mais recente relatório Focus, divulgado pelo BC na segunda-feira, 3. Acima, portanto, do teto da meta, de 5%.
Semana após semana, o mercado tem revisado para cima a previsão para a inflação deste ano. A projeção é de que a taxa básica encerre 2022 em 13,25% ao ano.
O choque de juros deste ciclo já é o maior desde 1999, quando em meio à crise cambial, o BC aumentou a Selic em 20 pontos porcentuais de uma vez só.
A segunda sessão do colegiado começou a reunião às 14h34 desta quarta-feira, com apresentações e análises de conjuntura econômica. O Copom também iniciou um novo ritual, com mais uma Reunião de Análise de Conjuntura na manhã do segundo dia do comitê.
A avaliação é de que seria mais produtivo interromper as discussões na terça mais cedo e dar um "frescor" aos membros do Copom no "Dia D", em que o Federal Reserve (o Banco Central dos Estados Unidos) também anunciou um aumento de juros.
Para a próxima reunião, daqui a 40 dias, o Copom prevê um novo aumento, mas com valor menor. "Para a próxima reunião, o Comitê antevê como provável uma extensão do ciclo com um ajuste de menor magnitude. O Comitê nota que a elevada incerteza da atual conjuntura, além do estágio avançado do ciclo de ajuste e seus impactos ainda por serem observados, demandam cautela adicional em sua atuação", diz.
A indicação de um novo aumento para a próxima reunião vem em linha com a expectativa majoritária do mercado. "Apesar de acharmos que poderia encerrar o ciclo nesse momento, uma provável alta de 0,5 ponto percentual em junho tem impacto residual, uma vez que a taxa já está em território bastante contracionista", diz Rafaela Vitória, economista-chefe do banco Inter.
Segundo a economista, o comunicado trouxe mais cautela, mas também a consideração de que ainda há muita incerteza no cenário. "A preocupação principal ainda é com as surpresas inflacionárias recentes e como elas têm afetado as expectativas, que ainda não estão ancoradas, pelo menos não para 2023."
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Desde a terça-feira, 3, os servidores do Banco Central retomaram uma greve por tempo indeterminado. A decisão foi tomada após o governo e o sindicato que representa a categoria não chegarem a um acordo sobre as reivindicações. Com a paralisação, alguns serviços como o valores a receber, pix e a divulgação de dados sobre a economia brasileira foram afetados.
Segundo o Sindicato Nacional dos Funcionários do Banco Central, a categoria defende uma reestruturação de carreira e um reajuste salarial de 27% - o governo ofereceu 5% a todos os servidores federais. A entidade garante que os serviços essenciais não serão afetados.
Antes dessa nova paralisação, a categoria ficou em greve por 18 dias. No período em que os servidores cruzaram os braços, o BC enfrentou problemas em alguns serviços. Já na segunda-feira, 2, mesmo antes da greve, o Banco Central anunciou a suspensão, de forma temporária, das consultas do sistema de valores a receber.
Outro serviço que foi afetado durante a última paralização foi a divulgação do boletim Focus, com os números da economia e expectativa de mercado. Também houve o atraso da divulgação da decisão da reunião do Copom em abril. Nesta quarta-feira, a divulgação também saiu mais tarde que o horário habitual.
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