Economia

Copom eleva Selic para 13,25% ao ano, maior valor desde 2016

A Selic estava até então em 12,75%, que era a maior taxa desde 2017. Na última reunião do Copom, em maio, a taxa havia sido elevada em 1 ponto percentual

Banco Central: ciclo de aperto monetário pode continuar nas próximas reuniões do Copom (Marcello Casal Jr./Agência Brasil)

Banco Central: ciclo de aperto monetário pode continuar nas próximas reuniões do Copom (Marcello Casal Jr./Agência Brasil)

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Da Redação

Publicado em 15 de junho de 2022 às 18h37.

Última atualização em 13 de julho de 2022 às 16h37.

A taxa básica de juros no Brasil, a Selic, foi elevada para 13,25% ao ano, em alta de 0,5 p.p. A decisão foi divulgada nesta quarta-feira, 15, após reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central.

A decisão ficou em linha do consenso do mercado, que esperava aumento de 0,50 p.p. O aumento faz a Selic chegar a seu maior valor desde 2016. 

A Selic estava até então em 12,75%, que era a maior taxa desde 2017. Na última reunião do Copom, em maio, a taxa havia sido elevada em 1 ponto percentual.

O aumento desta quarta-feira na Selic é a 11ª alta consecutiva do Copom, em ciclo de aperto monetário iniciado em março de 2021 — quando a Selic estava em sua mínima histórica, em 2%.

VEJA TAMBÉM: Fed acelera aperto monetário e eleva juros em 0,75 p.p. – maior alta desde 1994

A decisão do Copom vem horas depois de o Banco Central norte-americano, o Fed, elevar a taxa de juros dos Estados Unidos em 0,75 p.p. É a maior alta no país de uma única vez desde 1994.

A taxa de juros americana, que começou o ano quase zerada, está agora na faixa entre 1,5% e 1,75%.

Novos aumentos do Fed são esperados para as próximas reuniões, em meio à inflação recorde nos EUA.

O principal índice inflacionário do país, o CPI, subiu 1% só no mês de maio e acumula alta de 8,6% em um ano, a maior desde 1981, época dos efeitos do choque do petróleo que fez o mundo entrar em período de "estagflação".

VEJA TAMBÉM: Banco Mundial diz que mundo pode viver estagflação como nos anos 1970

Na semana passada, o Banco Central europeu também sinalizou que deve subir em julho suas taxas de juros, atualmente perto de zero.

Cresceram nas últimas semanas expectativas de que o ciclo de aperto monetário do Banco Central brasileiro não tenha terminado, com novas altas esperadas para o resto do ano.

Entre os principais bancos de investimentos, Itaú BBA, BTG Pactual, Goldman Sachs e J. P. Morgan passaram a ver uma nova elevação de juros na reunião de agosto como o cenário mais provável, levando a Selic para 13,75% ao ano.

A alta de juros no Brasil vem em meio à inflação global, influenciando as altas recordes nos preços brasileiros.

O IPCA, principal índice inflacionário do país, medido pelo IBGE, encerrou maio com acumulado de 11,73%. O índice começa a mostrar alguma desaceleração após as sucessivas altas na Selic, tendo subido 0,47% em maio (a primeira vez abaixo de 1% desde janeiro, antes da guerra na Ucrânia).

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Mas as pressões inflacionárias no mundo e choques de oferta, com alta dos combustíveis e commodities no geral, são preocupações para o resto do ano e podem indicar que o BC siga subindo juros.

A alta nos juros também deve fazer com que a economia, que começava a se recuperar do pior da covid-19, desacelere nos próximos trimestres, podendo afetar ainda a retomada gradual do emprego que vinha ocorrendo no Brasil. A expectativa do mercado é que o crescimento do PIB, após superar as expectativas e subir 1% no primeiro trimestre, desacelere nos próximos períodos.

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