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Da Redação
Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h45.
O secretário de Comércio americano, Carlos Gutierrez, disse nesta quinta-feira (8/6), em São Paulo, que Brasil e Estados Unidos não competem entre si no comércio internacional. Ao contrário: os dois países, assim como toda a América, deveriam se unir para aumentar a competitividade diante de um mercado cada vez mais dominado por países asiáticos, especialmente pela China. A sugestão foi feita durante almoço da Câmara Americana de Comércio, com empresários e representantes da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp).
Sobre a proposta de "união das Américas", Gutierrez negou que estivesse se referindo à Área de Livre Comércio das Américas (Alca), cujas negociações estão paradas desde 2004. "Estou falando em trocar experiência, tecnologia e de criar mecanismos que estimulem o comércio aqui no continente", disse.
Na terça-feira (6/6), em Brasília, o secretário americano e o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan, assinaram um termo de compromisso que cria um novo canal de entendimento entre os dois países. Batizado de "diálogo comercial", o acordo abre caminho para que Brasil e Estados Unidos possam aumentar o comércio bilateral, que hoje é de 40 bilhões de dólares. Na prática, trata-se apenas da criação de grupos de trabalho, com consultas informais dos dois lados, que permitam diminuir a barreira comercial entre os dois países.
Exemplo dessas barreiras é a falta de padronização sanitária. Como os Estados Unidos utilizam métodos diferentes do brasileiro, empresas locais não podem exportar para lá nenhum tipo de carne "in natura". Uma forte perda para o Brasil, que é hoje o maior exportador de carne de frango e de carne bovina do mundo.
Tratamento preferencial
Os Estados Unidos é o maior mercado consumidor de produtos brasileiros, com 24% das exportações, mas os dois países nunca conseguiram chegar a um acordo bilateral de comércio. O principal acordo comercial diz respeito ao Sistema Geral de Preferências (SGP), que concede isenção de tarifas a países pobres e em desenvolvimento. O Brasil é o segundo país que mais utiliza a vantagem, com 3.359 produtos. Em 2005, as exportações via SGP somaram 3,6 bilhões de dólares.
A vantagem brasileira, no entanto, vem sendo questionada por congressistas americanos. Eles alegam que o SGP deve ser destinado a países pobres. Além disso, argumentam, o Brasil acaba não abrindo seu mercado para os Estados Unidos pois já conta com as vantagens do SGP.
No início do ano, o acordo com o Brasil chegou a ser revisto, mas o Departamento de Comércio optou por mantê-lo, graças ao avanço do país no combate à pirataria. No entanto, a lei americana prevê que todos os contratos sejam revistos até o final deste ano.