Economia

Seca pode reduzir produção de açúcar do centro-sul em 14/15

Segundo Datagro, seca provocará uma redução de 2 milhões de toneladas na produção de açúcar


	Cana de açúcar é descarregada em uma usina de São José do Rio Preto, interior de São Paulo
 (Paulo Fridman/Bloomberg)

Cana de açúcar é descarregada em uma usina de São José do Rio Preto, interior de São Paulo (Paulo Fridman/Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 26 de junho de 2014 às 15h56.

São Paulo - A seca do início do ano no centro-sul, principal região produtora de cana do Brasil, provocará uma redução de 2 milhões de toneladas na produção de açúcar nesta temporada, estimou nesta quinta-feira a consultoria Datagro.

A região, que responde por 90 por cento da produção de cana do Brasil, deverá produzir 32,3 milhões de toneladas de açúcar em 2014/15, 5,8 por cento menos do que 34,29 milhões de toneladas do ano anterior, disse a Datagro.

O número é uma revisão da estimativa para 2014/15 de março de 33,2 milhões de toneladas.

A Datagro também cortou sua estimativa para a moagem de cana da região, para 560,5 milhões de toneladas, ante 574,6 milhões de toneladas em março. Em 2013/14, a moagem de cana foi de 596,9 milhões de toneladas.

"A queda na produção do Brasil, bem como em outros grandes produtores como a Tailândia, devido ao clima seco vai criar um déficit global maior de açúcar", disse Plinio Nastari, presidente da Datagro a jornalistas.

A Datagro estima que o déficit global de açúcar vai crescer para 2,46 milhões de toneladas na temporada outubro a setembro, ante a previsão anterior de 1,61 milhão de toneladas.

Na atual temporada, disse Nastari, o mundo vai lidar com um superávit de 2,18 milhões de toneladas.

"A variável com maior impacto em produção e preços à frente será o clima", disse Nastari.

Incluindo uma safra menor de cana no Norte-Nordeste, a produção total do Brasil deve atingir 35,75 milhões de toneladas, comparada com 37,57 milhões de toneladas do ano passado, que pode reduzir as exportações brasileiras da commodity em mais de 1 milhão de toneladas.

A seca na área produtora de cana do centro-sul em janeiro e fevereiro atrapalhou o desenvolvimento dos canaviais que serão colhidos mais tarde na atual temporada, disse Nastari.

"Algumas usinas decidiram nem sequer colher a cana e deixá-la no campo até o início da nova temporada, em abril", disse.

Etanol

O governo disse recentemente estar estudando a viabilidade de elevar a mistura de etanol à gasolina para 27,5 por cento, ante os atuais 25 por cento, o que deve demandar um adicional de 1,1 bilhão de litros de etanol por ano.

O estudo deve ser concluído em setembro. A produção total de etanol deve cair 8 por cento, para 25,29 bilhões de litros, ante 27,5 bilhões de litros da última temporada.

"Se o estudo for favorável ao aumento da mistura, o governo teria de implementar o incremento em dezembro", depois que a moagem estiver praticamente concluída, disse Nastari, acrescentando que o impacto de uma mistura maior deve ser sentido ao longo do próximo ano.

Nastari afirmou também que os preços do etanol hidratado, que compete diretamente com a gasolina na bomba, estão abaixo dos custos de produção, que leva usinas a minimizar a produção.

Os preços de açúcar estão atualmente acima dos custos de produção, se não incluir os custos com despesas financeiras das usinas.

Como reflexo, as usinas devem direcionar 45,9 por cento da cana para produzir açúcar e o restante para o etanol. No ano passado, as usinas usaram 45,2 por cento da cana para produzir açúcar.

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