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Se o Reino Unido sair da União Europeia, quem fará o café?

Empresas afirmam que poderiam enfrentar escassez de empregados se o Reino Unido optar por sair da UE


	Xícara de café: Reino Unido emprega 2,2 milhões de trabalhadores de outros lugares da UE
 (ThinkStock)

Xícara de café: Reino Unido emprega 2,2 milhões de trabalhadores de outros lugares da UE (ThinkStock)

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Da Redação

Publicado em 21 de junho de 2016 às 19h00.

Anthony Mansell, o único barista britânico da filial da Costa Coffee perto do distrito financeiro de Londres, teme o que poderia acontecer se o Reino Unido votar por sair da União Europeia.

Todos os seus colegas de trabalho são de outros países da UE, como Itália, Espanha, Bulgária e Portugal.

“Não há muitos ingleses que procuram as lojas em busca de trabalho”, disse Mansell. “Eu vou votar pela permanência. De outro modo, eu não teria nenhum amigo”.

A Costa, concorrente do Starbucks, não é a única que depende dos imigrantes.

O Reino Unido emprega 2,2 milhões de trabalhadores de outros lugares da UE, como colhedores de morango, motoristas de caminhão, operários da construção, pessoal de limpeza em hotéis e funcionários que preparam sanduíches.

Com um desemprego de 5 por cento, o patamar mais baixo desde 2005, as empresas afirmam que poderiam enfrentar escassez de empregados se o Reino Unido optar por sair da UE no referendo da próxima semana e acabar com a livre circulação de trabalhadores.

As pesquisas de opinião mostraram que a preocupação com a imigração estava por trás do aumento recente do apoio à chamada Brexit, porque os eleitores temem que os trabalhadores estrangeiros estejam minando os salários e roubando empregos dos britânicos.

O ex-prefeito de Londres, Boris Johnson, citando números que mostram que a migração líquida para o Reino Unido aumentou para 330.000 em 2015, o segundo patamar mais alto da história, disse que votar por sair da UE é “o único modo de recuperar o controle sobre a imigração”.

O debate mudou de tom com o assassinato, na quinta-feira, da deputada trabalhista Jo Cox, que defendia que a Grã-Bretanha continuasse na UE e argumentou vigorosamente que a Brexit não era o meio de resolver os temores relativos à imigração.

Bolachas de chope

As filiais da Costa no Reino Unido se espalham de Londres até antigas cidades industriais mais pobres e municípios litorâneos onde as pesquisas de opinião mostram um apoio mais forte a sair da UE.

A controladora da Costa, Whitbread, pressupõe que os funcionários oriundos da Europa continental não seriam afetados imediatamente em caso de vitória da Brexit, mas a empresa está preocupada com a incerteza a longo prazo, disse Alison Brittain, presidente da Whitbread, em uma conferência com repórteres nesta terça-feira.

A Whitbread apoia a permanência no bloco, mas outros integrantes do setor de hospitalidade defendem a opinião contrária.

“Acho que o que aconteceu até agora, em termos de imigração, foi um benefício econômico”, disse Tim Martin, fundador da operadora de pubs JD Wetherspoon, que distribuiu 200.000 bolachas de chope que incitam os clientes a votar pela saída. “Mas estamos cheios”.

Os empregadores do Reino Unido geraram mais de 400.000 empregos nos últimos 12 meses e, se o crescimento mantiver esse ritmo, o país não terá trabalhadores suficientes para preencher essas vagas, disse James Hick, diretor administrativo da agência de emprego Manpower, que faz a colocação de 30.000 pessoas por semana em empregos no Reino Unido.

Os trabalhadores britânicos desempregados estão nos lugares inadequados do país ou têm as habilidades inadequadas, disse ele, e a ideia de que os imigrantes estão roubando o emprego deles é “uma falácia absoluta”.

“As empresas britânicas precisam da livre circulação e da flexibilidade que a participação na UE oferece”, disse ele.

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