Economia

Se a reforma demorar, será mais radical, diz chefe do Tesouro

A titular da Secretaria do Tesouro Nacional, Ana Paula Vescovi, falou no Fórum Mulheres na Liderança sobre a situação fiscal do país e o papel das mulheres

Ana Paula Vescovi: precisamos de meritocracia (Flávio Santana/Exame)

Ana Paula Vescovi: precisamos de meritocracia (Flávio Santana/Exame)

Maurício Grego

Maurício Grego

Publicado em 19 de outubro de 2017 às 23h58.

Última atualização em 20 de outubro de 2017 às 00h06.

São Paulo — A reforma da Previdência tem de ser feita logo. Quanto mais demorar, mais radical terá de ser para resolver os problemas fiscais do país. Quem diz isso é Ana Paula Vescovi, a primeira mulher a chefiar Secretaria do Tesouro Nacional. Ela falou durante o Fórum Mulheres na Liderança sobre sua carreira, a situação fiscal e o papel das mulheres na administração pública.

O Fórum aconteceu nesta quinta-feira em São Paulo. Foi realizado por EXAME em parceria com a Woman in Leadership in Latin America (WILL). Nele, debateram-se as melhores práticas para promover a liderança feminina e foram premiadas empresas que se destacam nessa questão.

No evento, Ana Paula Vescovi participou de um talk show com André Lahoz Mendonça de Barros, diretor editorial de EXAME. A Secretaria do Tesouro, que ela dirige desde o ano passado, trata de dívidas, política fiscal, liberação de recursos públicos e a contabilidade da União. “Em nosso trabalho é tudo muito técnico”, diz ela. Sua rotina é dura. São 15 horas de trabalho diárias. E, nos fins de semana, ela ainda leva trabalho para casa.

Ana afirma que a situação fiscal do país é delicada: “Há uma tendência a que as contas públicas piorem. Temos o problema da Previdência, que segue normas diferentes das de outros países”. A única solução que ela vê é fazer a reforma da Previdência o quanto antes. Para ela, essa reforma é inevitável. Se não acontecer logo, terá de ser feita de forma mais radical no futuro.

Ana também critica os subsídios que o governo concede a determinados setores e regiões do país. “Se é para investir mais educação e saúde, temos de investir menos em subsídios. A questão é decidir o que é prioridade para a sociedade. Não temos dinheiro para tudo.”

Apesar desses problemas, ela considera o atual momento econômico positivo: “Estamos no início do processo de recuperação. O Brasil está saindo de sua pior crise como República. Vai crescer moderadamente até o final do ano. O ano que vem é mais promissor. Fomos bem sucedidos em controlar a inflação. Estamos vendo a melhora gradual. A economia não cresce a taxas altas, mas cresce de forma sustentada”, avalia.

Ela diz que as mulheres vêm ganhando importância na administração pública: “Vejo mulheres muito atuantes em cargos de gestão na Petrobras, no BNDES e nos outros ministérios. Interajo com mulheres que admiro pela postura profissional. Elas ascenderam por mérito, por esforço próprio, como os homens.”

A ideia de cotas a serem preenchidas por mulheres em determinados cargos não agrada a Ana. “É preciso analisar cada caso. Mas eu, como gestora, não adotaria. Prefiro usar a meritocracia”, diz. “Sinto falta de o Brasil valorizar a igualdade de oportunidades. Uma boa educação básica de qualidade é mais importante do que dar cotas na universidade”, prossegue ela.

O Fórum Mulheres na Liderança teve, também, um debate sobre como acelerar a participação feminina na liderança das empresas, além da premiação de companhias que se destacaram num abrangente estudo sobre a liderança feminina.

As conclusões desse estudo fazem parte da reportagem de capa da revista EXAME desta semana, que aborda a liderança feminina nas corporações. A revista será distribuída nesta sexta-feira aos assinantes e bancas e, no mesmo dia, será publicada integralmente no site EXAME.

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