Economia

Saques da poupança superam depósitos em R$ 7,502 bilhões

Não se via um volume de resgates maior do que o de aplicações em todos os meses de um ano de janeiro a agosto desde 2003


	Sede do Banco Central em Brasília: até então, o pior agosto para a caderneta havia sido em 1999. Na ocasião, o resultado ficou negativo em R$ 1,441 bilhão
 (REUTERS/Ueslei Marcelino)

Sede do Banco Central em Brasília: até então, o pior agosto para a caderneta havia sido em 1999. Na ocasião, o resultado ficou negativo em R$ 1,441 bilhão (REUTERS/Ueslei Marcelino)

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Da Redação

Publicado em 4 de setembro de 2015 às 15h46.

Brasília - A quantia de saques da poupança superou a de depósitos em R$ 7,502 bilhões em agosto, conforme dados divulgados nesta sexta-feira, 4, pelo Banco Central.

No ano até o mês passado, o total resgatado dessa aplicação foi de R$ 48,497 bilhões. Nos dois casos, tratam-se dos maiores volumes de retiradas dos últimos 20 anos para os períodos, desde quando a instituição começou a compilar, em 1995, as informações disponíveis até hoje.

Até então, o pior agosto para a caderneta havia sido em 1999. Na ocasião, o resultado ficou negativo em R$ 1,441 bilhão.

O resultado do ano até agora também é significativo, já que não se via um volume de resgates maior do que o de aplicações em todos os meses de um ano de janeiro a agosto desde 2003.

Em janeiro passado, o resultado ficou negativo em R$ 5,5 bilhões e, em fevereiro, em R$ 6,3 bilhões. Em março, os resgates superaram os depósitos em R$ 11,4 bilhões - o pior de toda série histórica do BC para um mês.

Em abril, o resultado ficou negativo em R$ 5,8 bilhões. Em maio, em R$ 3,2 bilhões e, em junho, em R$ 6,3 bilhões. Em julho, a conta ficou no vermelho em R$ 2,453 bilhões.

O volume de saques do mês passado só não é maior do que o de março. Assim, é o segundo pior resultado mensal desde que a instituição passou a compilar os dados.

Com o resultado de agosto, o saldo total da poupança ficou em R$ 645,117 bilhões, já incluindo os rendimentos do período, no valor de R$ 4,373 bilhões.

Os depósitos na caderneta somaram R$ 155,954 bilhões no mês passado, enquanto as retiradas foram de R$ 163,456 bilhões.

Antecipação do 13º

Normalmente, no último dia de cada mês, a quantidade de aplicações é bem maior do que o das retiradas e tem diluído as perdas mensais vistas até o dia do fechamento da poupança.

Desta vez, no entanto, isso não ocorreu com a mesma ênfase dos meses anteriores. Até o dia 28, o saldo da caderneta estava no vermelho em R$ 9,450 bilhões e o ingresso líquido no dia 31 de agosto foi de apenas R$ 1,949 bilhão.

É comum ocorrer um aumento dos depósitos no último dia de cada mês, por conta de aplicações automáticas e de sobras de salários.

Desta vez, no entanto, o fluxo não foi tão forte no fechamento do mês. Como o governo decidiu que não iria antecipar em agosto a primeira parcela do 13º salário para aposentados e pensionistas como vinha fazendo desde o início do governo Lula, o volume de "sobras" de economia que ocorre tradicionalmente esse mês ficou abaixo do habitual. A antecipação será feita a partir deste mês, de acordo com o Ministério da Fazenda.

Além desse fato específico de agosto, a poupança tem sofrido nos últimos meses com uma sobra cada vez menor de recursos da população por causa do aumento do desemprego, da alta da inflação e da piora da atividade.

Além disso, com os juros básicos da economia em 14,25% ao ano e a disparada do dólar, outros tipos de investimentos se tornam mais atrativos para os aplicadores e a caderneta perde o brilho. A remuneração da poupança é fixa em 0,5% ao mês mais a Taxa Referencial (TR).

Para minimizar o quadro de falta de recursos para financiamentos de imóveis, provenientes da caderneta, o BC decidiu liberar ao final de maio R$ 22,5 bilhões dos depósitos da poupança para os bancos que eram obrigados a manter recursos na instituição para desembolsos nas operações de financiamento habitacional e rural.

Foi reduzida a obrigatoriedade de guardar uma parte dos depósitos da caderneta no BC desde que os recursos fossem usados para financiamento habitacional (até R$ 22,5 bilhões) e empréstimos a produtores rurais (outros R$ 2,5 bilhões).

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