Os brasileiros ainda não têm o hábito de guardar dinheiro (natasaadzic/Thinkstock/Thinkstock)
Estadão Conteúdo
Publicado em 8 de março de 2019 às 16h30.
Brasília - Após os saques registrados em janeiro, os brasileiros voltaram a recorrer à caderneta de poupança para fechar as contas neste início de ano. Dados do Banco Central mostraram que, em fevereiro, R$ 4,021 bilhões líquidos saíram da poupança. Foi o segundo mês consecutivo de saques. Também foi o pior resultado para a caderneta em um mês de fevereiro desde 2016, quando R$ 6,639 bilhões saíram da poupança.
Os saques líquidos registrados no mês passado ainda refletem, em grande parte, a necessidade de recursos para pagar despesas como IPTU, IPVA, matrículas e materiais escolares. Foram R$ 186,017 bilhões em saques no mês passado, contra R$ 181,996 bilhões em depósitos.
Considerando os rendimentos de R$ 2,966 bilhões na poupança em fevereiro, o saldo global da caderneta chegou aos R$ 787,934 bilhões.
No acumulado de 2019 até o fim de fevereiro, as retiradas líquidas da poupança já somam R$ 15,253 bilhões. O montante é resultado de saques de R$ 391,922 bilhões contra depósitos de R$ 376,669 bilhões.
Em função da crise econômica, a caderneta registrou saídas líquidas em 2015 e 2016, mas iniciou um processo de recuperação no ano seguinte. Em 2018, em meio à relativa retomada do emprego e da renda, a poupança fechou o ano com captação líquida de R$ 38,260 bilhões.
Esta procura maior pela poupança no ano passado ocorreu apesar de a rentabilidade ser, atualmente, inferior ao visto em anos anteriores. Hoje a poupança é remunerada pela taxa referencial (TR), que está próxima de zero, mais 70% da Selic (a taxa básica de juros da economia). A Selic, por sua vez, está em 6,50% ao ano desde março de 2018.
Esta regra de remuneração da poupança vale sempre que a Selic estiver abaixo dos 8,50% ao ano. Quando estiver acima disso, a poupança é atualizada pela TR mais uma taxa fixa de 0,5% ao mês (6,17% ao ano). Esta remuneração, mais elevada, deixou de valer em setembro de 2017, quando a Selic passou para abaixo do nível de 8,50%.
Apesar dos resultados positivos da caderneta em 2017 e 2018, os brasileiros ainda não têm o hábito de guardar dinheiro.
Dados do Banco Mundial mostram que, em 2017, apenas 32% dos brasileiros com mais de 15 anos de idade guardaram alguma quantia de dinheiro - seja na caderneta, seja em qualquer outra aplicação financeira. A média global é de 48% e nos países de alta renda o porcentual é de 73%.