Economia

Sanções barram tapetes persas e outros produtos ícones do Irã nos EUA

Com a desvalorização do rial, que perdeu quase um terço de seu valor em relação ao dólar, fez com que tapetes de seda sejam vendidos pela metade do preço

De março de 2017 a março de 2018, o Irã exportou US$ 424 milhões em tapetes, dos quais US$ 126 milhões correspondem a vendas aos EUA (Rob Stothard/Getty Images)

De março de 2017 a março de 2018, o Irã exportou US$ 424 milhões em tapetes, dos quais US$ 126 milhões correspondem a vendas aos EUA (Rob Stothard/Getty Images)

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EFE

Publicado em 16 de agosto de 2018 às 10h19.

Teerã - Os tradicionais tapetes persas, os saborosos pistaches e o exclusivo caviar são alguns dos principais produtos exportados pelo Irã, mas para os quais o mercado dos Estados Unidos se tornou inacessível devido às sanções comerciais aplicadas pelo presidente do país, Donald Trump.

Em janeiro de 2016, com a entrada em vigor do acordo nuclear com o Irã, o Departamento do Tesouro americano permitiu as importações de tapetes e produtos alimentícios iranianos que estavam proibidas desde 2010, mas a partir de 7 de agosto esses produtos foram incluídos novamente na lista negra.

O pouco tempo de sinal verde representou, no entanto, um considerável aumento das exportações de tapetes aos EUA, mas nem tanto de caviar e pistache, e por isso as sanções não atingem todos igualmente.

Segundo dados oficiais, de março de 2017 a março de 2018, o Irã exportou US$ 424 milhões em tapetes, 18% a mais que em relação ao período de 12 meses iniciado em março de 2016. Deste total, US$ 126 milhões correspondem a vendas aos EUA.

"Perdemos um de nossos melhores mercados", reconheceu à Agência Efe Ami Abbas Mohamadi, proprietário da galeria de tapetes "Asil", no Grande Bazar de Teerã.

Sentado em um dos seus valiosos tecidos, Mohamadi explicou que as sanções também criaram um "efeito psicológico" em outros importadores, como Kuwait, Japão e Áustria, que reduziram nas últimas semanas suas compras.

"Eles temem ser afetados pelas sanções americanas e atuam com precaução. Não compram por medo das multas dos EUA, não tem outra justificativa (a redução de exportações), já que agora os tapetes estão muito baratos", afirmou.

A forte desvalorização do rial iraniano, que perdeu quase um terço de seu valor em relação ao dólar desde abril, fez com que tapetes de seda que antes custavam o equivalente a US$ 20 mil sejam vendidos agora pela metade.

Diante deste golpe, o Centro Nacional de Tapetes anunciou recentemente que vai apresentar uma requerimento aos tribunais internacionais contra os EUA.

A diretora do centro, Fereshteh Dastpak, argumentou que os tapetes são "um símbolo da cultura do povo iraniano" e que, de acordo com os protocolos internacionais, "o que pertence a uma nação não pode ser sancionado".

Estas obras de arte tecidas à mão, com uma tradição milenar no Irã, têm uma grande reputação no mercado de bens de luxo, no qual também se destaca o caviar, a ova do peixe esturjão, que se concentra em altas quantidades no Mar Cáspio.

A produção deste alimento exclusivo chegou a 5 toneladas no ano passado, das quais pouco mais de um quinto foram exportadas. Dessa quantidade, só foram vendidos aos EUA cerca de 10 quilos, de acordo com os dados do jornal econômico "Financial Tribune".

"O caviar do Irã tem seu próprio cliente e não será afetado por estas sanções, porque funciona como um monopólio", disse à Efe Arsalan Qasemi, diretor-geral do sindicato de aquicultura do Irã.

Qasemi explicou que os principais clientes do caviar iraniano são os países europeus, entre eles Itália, Alemanha, Espanha, Reino Unido e França, e em segundo lugar China e nações da Ásia Central e do Oriente Médio.

"Os americanos se privaram de uma das bençãos dadas por Deus", comentou.

Outro mítico produto iraniano é o pistache, para o qual o mercado americano se tornou inalcançável devido às elevadas sobretaxas impostas para proteger o fruto seco produzido na Califórnia.

Segundo a Associação do Pistache da província de Semnan, as exportações iranianas do produto em 12 meses, até março deste ano, alcançaram US$ 1 bilhão.

A produção beirou as 200 mil toneladas, das quais 75% foram exportadas a China, Índia, Vietnã e outros países da Ásia e da Europa.

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