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Saída do Transpacífico é símbolo de nova era, diz porta-voz

Spicer disse que o novo governo privilegiará acordos bilaterais, por considerar que nas iniciativas multilaterais se negocia pelo "mínimo denominador comum"

 (Kevin Lamarque/Reuters)

(Kevin Lamarque/Reuters)

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Estadão Conteúdo

Publicado em 23 de janeiro de 2017 às 19h47.

Última atualização em 23 de janeiro de 2017 às 22h31.

São Paulo - O porta-voz da Casa Branca, Sean Spicer, afirmou nesta segunda-feira que a decisão do novo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de abandonar a Parceria Transpacífico (TPP, na sigla em inglês), confirmada mais cedo, é um movimento também "simbólico de uma nova era nos acordos comerciais" para o país.

O funcionário disse que o novo governo dos EUA privilegiará acordos bilaterais, por considerar que nas iniciativas multilaterais se negocia pelo "mínimo denominador comum" e não se levam em conta os interesses americanos na medida em que deveriam.

"Queremos conseguir algo com esses acordos comerciais", afirmou Spicer, em sua primeira coletiva à imprensa no cargo.

Questionado sobre quais seriam as três prioridades no Legislativo do governo Trump no início do mandato, o porta-voz citou a imigração, a reforma tributária e a reforma regulatória.

Sobre a imigração, Spicer lembrou que Trump havia deixado claro durante as eleições que ela seria prioridade, inclusive com a construção do muro prometido na fronteira com o México.

O funcionário também disse que haverá prioridades na questão imigratória, como deportar os ilegais com registro criminal.

Em relação ao México, o porta-voz disse também que os EUA pretendem rever o Tratado Norte-Americano de Livre-Comércio (Nafta, na sigla em inglês), que envolve ainda o Canadá.

O funcionário informou que ainda não há um cronograma para isso, mas que o assunto será discutido com os líderes dos dois países em breve.

Spicer afirmou que Trump deve fazer mais anúncios sobre a questão do comércio ainda durante esta semana. Além disso, disse que o novo governo pretende criar um ambiente regulatório que gere mais empregos e melhore a economia americana.

O porta-voz disse que uma das prioridades na visita da primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, aos EUA é discutir a questão do comércio.

O Reino Unido está no processo de saída da União Europeia, o que pode significar para este país uma perda de vantagens no comércio com a Europa. Com isso, May quer fortalecer a posição britânica em outras frentes.

Sobre a China, Spicer disse que os EUA têm interesse em conseguir mais mercado no gigante asiático, mas espera mais concessões de Pequim.

"Há um grande mercado na China, mas não é uma via de duas mãos", argumentou.

Spicer comentou também outras decisões de hoje do governo Trump, como o congelamento de contratações federais, exceto de militares.

O porta-voz disse que a decisão foi tomada como "um sinal de respeito" pelo dinheiro do contribuinte. Além disso, lembrou que Trump prometeu repelir a reforma de saúde realizada pelo governo anterior, de Barack Obama, o chamado Obamacare.

A nova administração promete substituir esse sistema por outro, que seria mais barato e melhor. Não há, porém, detalhes sobre como isso deve ser feito.

Outra decisão de hoje foi proibir o envio de fundos americanos para organizações não governamentais que apoiem o aborto ou realizem essa prática.

Segundo Spicer, a intenção do governo é "proteger todo tipo de vida, nascida e não nascida", na questão do aborto.

Em relação a um tema delicado da política externa, Spicer disse que ainda não foi tomada uma decisão sobre a mudança da embaixada dos EUA em Israel de Tel-Aviv para Jerusalém.

Os palestinos criticaram a intenção declarada pelo novo governo americano de fazer essa mudança, pois reivindicam Jerusalém Oriental como capital de seu futuro Estado independente. Há o temor de que essa mudança no endereço da embaixada poderia inflamar mais a região.

Spicer disse que Trump, em sua visita à CIA no fim de semana, foi "ovacionado por cinco minutos" pelos presentes. "Eles estavam tão animados", comentou, usando isso como argumento contra o ceticismo que ele vê na cobertura da imprensa sobre o republicano.

O porta-voz afirmou também que há grande animação entre lideranças globais para trabalhar com o país, especialmente em comércio.

Em vários momentos da coletiva, o porta-voz lembrou que se tratava do primeiro dia completo de governo, por isso não tinha algumas das informações solicitadas pelos repórteres, mas que as buscaria para informar posteriormente.

Além disso, em várias ocasiões o funcionário aproveitou para criticar a imprensa, por considerar que a cobertura do novo governo é frequentemente negativa. Spicer defendeu que a posse de Trump foi a mais assistida da história, somando-se aqueles que viram o evento pela internet ou pela televisão.

Para ele, foi "desmoralizante" que a imprensa tenha mostrado fotos da posse de Trump e da de Obama, comparando as duas para mostrar que a afluência de pessoas era bem menor em Washington na última sexta-feira.

O porta-voz disse que o governo pretende ter boa relação com a imprensa, mas em vários momentos criticou a cobertura, para ele muito cética sobre a nova administração. "Não precisa ser sempre negativo, às vezes somos bem-sucedidos", defendeu-se o funcionário.

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