Economia

Sai hoje a contestada inflação argentina oficial de 2013

O índice deverá ficar bem abaixo da alta de 3,38% apontada pelos institutos privados


	Cristina Kirchner, presidente argentina: o compromisso assumido pelo governo de Kirchner com o FMI é de que o indicador seja transparente e reflita os preços reais praticados no país
 (Getty Images)

Cristina Kirchner, presidente argentina: o compromisso assumido pelo governo de Kirchner com o FMI é de que o indicador seja transparente e reflita os preços reais praticados no país (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 15 de janeiro de 2014 às 13h01.

Buenos Airies - O Instituto Nacional de Estatísticas e Censos (Indec) - o IBGE argentino - divulga nesta quarta-feira o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) fechado de 2013 e o de dezembro, que deverá ficar bem abaixo da alta de 3,38% apontada pelos institutos privados.

Até novembro, a inflação oficial acumulou aumento de 10,5%, enquanto o denominado Índice Congresso, elaborado por várias consultorias, acusou alta de 28,38% no fechamento de 2013.

A inflação do mês passado foi a mais alta para um dezembro nos últimos 22 anos. Porém, a expectativa é de que o número oficial permaneça no nível próximo de 0,8%, como vem ocorrendo nos últimos sete anos, invariavelmente.

Este será o último número do Indec antes da estreia do IPC - Nacional Urbano (IPC-Un), prometido pelo governo ao Fundo Monetário Internacional (FMI).

O compromisso assumido pelo governo de Cristina Kirchner com o FMI é de que o indicador seja transparente e reflita os preços reais praticados no país. Embora o atual índice aborde apenas a inflação da região metropolitana de Buenos Aires, historicamente foi uma mostra de referência dos preços.

Quando a alta dos preços já atingia dois dígitos e o governo tinha que pagar elevados juros da dívida pública indexada à inflação, o ex-presidente Néstor Kirchner, marido e antecessor de Cristina, teria decidido começar o ano de 2007 com maquiagem do IPC para refletir uma taxa menor que a real.

A medida representou milhões em poupança para o governo, que pagou menos pelos rendimentos dos títulos públicos, e ajudou na campanha presidencial de Cristina Kirchner para seu primeiro mandato.


No entanto, a maquiagem do Indec acentuou as desconfianças sobre o país, disparou as expectativas de inflação e elevou as negociações salariais a níveis insustentáveis, especialmente para as províncias, municípios e governo federal, além das pequenas e médias empresas.

Sem uma referência oficial de preços, cada sindicato negocia reajuste que lhe convém e as consultorias e institutos privados têm seus próprios levantamentos. Técnicos em estatística e analistas não acreditam que o novo indicador possa mudar a rotina oficial sobre os índices do país.

"É preciso ver o número que vão divulgar em fevereiro. Particularmente, acredito que o problema não era o indicador, mas a forma como é medido. Se não muda a forma, a inflação vai continuar sendo inferior à real", afirmou o economista Daniel Marx, ex-secretário de Finanças.

Relatório de universidades públicas sobre auditoria realizada no organismo apontou que o problema não era o método, mas os números falsificados. Em meio à expectativa da estreia do novo IPC, já surgem denúncias anônimas na imprensa argentina de funcionários do Indec apontando a falta de seriedade das novas medições.

"Estão fazendo tudo de forma improvisada, às carreiras, para chegar ao fim do mês com um número fechado", disse um técnico ao jornal La Nación.

Se a Argentina não conseguir normalizar suas estatísticas, pode sofrer sanções por parte do FMI, que já emitiu, em fevereiro, moção de censura ao país.

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