Economia

Safra recorde de soja indica grande ano para máquinas agrícolas no país

Fabricantes preveem aumento nas vendas de até 8% em 2018, motivados por confiança dos agricultores em alta e pelas taxas de juros em níveis baixos

Máquinas agrícolas: expectativa de fabricantes representa o dobro da previsão de 3,7% feita pela Anfavea para o crescimento nas vendas (Lucas Ninno/Getty Images)

Máquinas agrícolas: expectativa de fabricantes representa o dobro da previsão de 3,7% feita pela Anfavea para o crescimento nas vendas (Lucas Ninno/Getty Images)

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Reuters

Publicado em 7 de maio de 2018 às 16h31.

Os fabricantes de máquinas agrícolas no Brasil apostam em fortes vendas neste ano, com impulso de uma segunda grande safra de soja e pelo aumento nos preços dos grãos, que vão compensar a fraqueza do setor de cana-de-açúcar.

Alguns produtores de máquinas preveem um crescimento nas vendas de até 8 por cento em 2018, já que a confiança dos agricultores está aumentando e as taxas de juros se encontram em níveis historicamente baixos, o que incentiva financiamentos e investimentos.

"No fim, tudo se resume aos preços da soja. Se forem assim bons, o produtor decidirá comprar", disse Rodrigo Bonato, diretor de vendas da América Latina da fabricante de máquinas John Deere, da Deere & Co, durante entrevista na semana passada na Agrishow, maior feira de agronegócio do Brasil.

Ele disse que depois que as duas últimas safras de soja do Brasil estabeleceram recordes históricos, os produtores devem impulsionar os investimentos e melhorar a eficiência. A Deere investiu meio bilhão de dólares na última década no Brasil, onde vê as vendas cresceram 5 por cento em 2018.

Apesar de o setor agrícola brasileiro ter sido uma rara luz na profunda recessão dos últimos anos, a desaceleração econômica também afetou agricultores, fazendo com que a recuperação gradual da economia seja uma faísca para novos investimentos.

O IC Agro, índice de confiança do produtor medido pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), atingiu uma alta de mais de quatro anos no primeiro trimestre.

"Mesmo que o setor agrícola não tenha sofrido muito durante a recessão, os agricultores seguraram os investimentos", disse Fernando Gonçalves, presidente-executivo da Jacto, produtora brasileira de equipamentos.

"Mas olhe para a confiança deles agora. Está de volta", disse ele, prevendo que o crescimento das vendas na Jacto esteja entre 5 e 8 por cento em 2018.

Isso representa o dobro da previsão de crescimento de 3,7 por cento para as vendas de máquinas da associação das montadoras, a Anfavea.

Os empréstimos também estão ficando mais fáceis, já que a baixa inflação permitiu que o Banco Central reduzisse a taxa básica de juros para um nível histórico, com outro corte esperado em maio.

O Banco Santander Brasil SA estava oferecendo 1 bilhão de reais de linhas pré-aprovadas na Agrishow para financiar as vendas de equipamentos, ao expandir negócios em um setor tradicionalmente dominado pelo Banco do Brasil.

O Santander Brasil abriu, desde o ano passado, 16 lojas dedicadas a empréstimos agrícolas em Estados produtores de grãos, como Mato Grosso e Goiás, e contratou 60 agrônomos para sua operação comercial.

"Você precisa falar a língua dos agricultores", disse Paulo Cesar Bertolane, supervisor de produtos do Santander.

Cana

A grande exceção no entusiasmo na Agrishow foi no setor de cana-de-açúcar, no qual as vendas estagnaram, já que os preços do açúcar estão perto dos níveis mais baixos desde o final de 2015 e as usinas estão adiando os investimentos.

Marco Antônio Gobesso, diretor de vendas de maquinário de cana da unidade brasileira da Agco Corp, disse que as vendas caíram no ano passado e tiveram queda de 20 por cento nos quatro primeiros meses deste ano, ante o mesmo período em 2017.

A Agco respondeu cortando sua capacidade de produção para produtos para cana em suas fábricas em Ribeirão Preto e abrindo em janeiro uma linha dedicada à fabricação de pulverizadores para plantações de grãos.

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