Putin: a maioria dos analistas concorda que a recessão que começou em meados de 2014 será história nos próximos meses (Getty Images/Getty Images)
EFE
Publicado em 3 de janeiro de 2017 às 13h34.
Última atualização em 3 de janeiro de 2017 às 13h34.
Moscou - A Rússia entra em 2017 com a esperança de superar nos próximos meses quase três anos de recessão e de melhorar as relações com Ocidente quando o novo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, se instalar na Casa Branca.
Se em sua tradicional entrevista coletiva natalina de um ano atrás, o presidente russo, Vladimir Putin, mostrava pouca confiança em que a situação econômica fosse melhorar em 2016, neste último dezembro seu discurso foi muito diferente.
Um Putin relaxado e otimista observou uma tendência de alta na maioria dos indicadores macroeconômicos e previu o fim da recessão.
Embora 2016 tenha terminado com uma contração de cerca de 0,5%, a maioria dos analistas concorda que a recessão que começou em meados de 2014 será história nos próximos meses.
Muitos analistas consideram que 2016 foi um ano redondo para Putin, que não só teria superado todos os obstáculos em seu caminho, mas também imposto sua agenda às potências ocidentais graças à propaganda feita nesses países por veículos de comunicação russos.
Europa e EUA, segundo essas vozes alarmadas, sucumbiram perante a corrente de informações que adverte para o sem-fim de ameaças enfrentadas pelo Ocidente: imigrantes que estupram e que realizam atentados terroristas, políticos que solapam os valores tradicionais, propagandistas LGBT que põem em risco a sobrevivência da raça europeia.
Os populismos eurocéticos, críticos às sanções econômicas a Moscou, ganham terreno na Europa, enquanto o novo inquilino da Casa Branca, admirador declarado de Putin, nomeou como chefe de sua diplomacia um homem, Rex Tillerson, que aparentemente mantém uma relação pessoal com o líder russo.
O Kremlin se mostra muito cauteloso sobre as perspectivas de que suas relações com Ocidente melhorem substancialmente este ano, mas os veículos de comunicação russos propagandísticos dão como certo que assim será.
O maior anseio da Rússia, neste sentido, é que os países ocidentais suspendam ou pelo menos afrouxem as sanções econômicas impostas em resposta à ingerência russa no conflito da Ucrânia.
Faltando 14 meses para novas eleições presidenciais, este é um ano-chave para mostrar à população que o conturbado mandato de Putin - que começou em 2011 com os maiores protestos populares desde a desintegração da União Soviética - não foi em vão, apesar de um palpável empobrecimento geral.
Os "brotos verdes" na economia são o melhor presente natalino para o chefe do Kremlin em um ano em que deve despejar as dúvidas sobre se quer seguir outros seis anos à frente da Rússia e, em caso afirmativo, começar sua campanha eleitoral.
Em seu "currículo" está a anexação da Crimeia e a volta da Rússia à arena internacional, onde como poucos foi capaz de evitar a queda do regime sírio de Bashar al Assad e deixou claro que é um jogador que deve ser levado em conta.
Na parte negativa estão as sanções do Ocidente, a má situação econômica provocada em parte pela arriscada ingerência russa na Ucrânia e o enquistado conflito no leste do país vizinho, onde os separatistas pró-Rússia enfrentados a Kiev se sentem cada vez mais abandonados por Moscou.
O conflito ucraniano, de fato, seguirá sendo seguramente o maior foco de tensão entre Rússia e Ocidente, uma vez que Putin não pode ceder em seu respaldo aos pró-Rússia como exigem EUA e a União Europeia, muito menos em um ano de pré-campanha.
No entanto, a pressão internacional pela intervenção militar russa na Síria - muito forte nos últimos meses, sobretudo durante a campanha para arrebatar a cidade de Aleppo dos rebeldes sírios- poderia reduzir-se, desde que Trump cumpra sua promessa eleitoral e abra mão de derrubar o regime de Assad.