Economia

Rússia, Belarus e Cazaquistão criam União Eurasiática

A união pretende reforçar a integração de Moscou com as duas ex-repúblicas soviéticas


	Vladimir Putin, Nursultan Nazarbayev e Alexander Lukashenko
 (Michael Klimentyev/AFP)

Vladimir Putin, Nursultan Nazarbayev e Alexander Lukashenko (Michael Klimentyev/AFP)

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Da Redação

Publicado em 29 de maio de 2014 às 09h01.

Astana - A Rússia assinou nesta quinta-feira com Belarus e Cazaquistão um acordo para criar uma União Econômica Eurasiática, que pretende restaurar a influência de Moscou nas ex-repúblicas soviéticas, mas sem contar com a Ucrânia.

O documento foi assinado pelo presidente russo, Vladimir Putin, e por seus colegas Alexander Lukashenko (Belarus) e Nursultan Nazarbayev (Cazaquistão) em Astana, a capital cazaque.

"Esta união é econômica e não afeta a soberania dos Estados participantes", afirmou Nazarbayev após a assinatura.

A união, que será implementada em 1º de janeiro 2015, favorecerá uma integração ainda mais estreita dos países, já vinculados desde 2010 por uma união alfandegária.

"Os três Estados se comprometem a garantir a livre circulação de produtos, serviços, capitais e trabalhadores, a implementar uma política coordenada em temas chave da economia: energia, indústria, agricultura, transportes", afirma um comunicado do Kremlin.

"Hoje vamos criar juntos um poderoso e atrativo centro de desenvolvimento econômico, um importante mercado regional que unirá 170 milhões de pessoas", afirmou Putin, antes de recordar que os três países têm "enormes recursos naturais" e possuem 20% dos recursos mundiais de gás, assim como 15% do petróleo.

Armênia e Quirguistão, outras duas ex-repúblicas soviéticas, anunciaram a intenção de aderir ao bloco até o fim do ano.

O projeto tem uma importância capital para o presidente russo, que em 2005 considerou a dissolução da URSS a "maior catástrofe geopolítica" do século XX.

Mas Putin foi obrigado a aceitar a ausência da Ucrânia, um país de 46 milhões de habitantes e com um grande potencial industrial, mas atualmente em plena crise política e com a ameaça de uma guerra civil entre separatistas pró-Rússia e ativistas pró-Ocidente.

O novo presidente ucraniano, o bilionário pró-Ocidente Petro Poroshenko, eleito no domingo, já anunciou que o objetivo do país seria entrar no futuro na União Europeia, o que contraria os desejos de Moscou de atrair Kiev para sua zona de influência econômica e política.

Mas o presidente de Belarus, Alexander Lukashenko, afirmou que a Ucrânia deverá aderir se "cedo ou tarde" à União Econômica Eurasiática.

"Perdemos participantes no caminho, penso na Ucrânia", disse.

"Tenho certeza de que, cedo ou tarde, os dirigentes ucranianos compreenderão onde está o seu destino", completou, antes de destacar que o direito entrar para a união "cabe ao povo ucraniano".

Para Alexei Makarkin, do Centro de Tecnologias Políticas de Moscou, a União está "incompleta" com a ausência da Ucrânia, assim como com as reticências de Cazaquistão e Belarus de incluir um componente político no bloco.

"Cazaquistão e Belarus contemplam com enorme prudência uma integração política, não querem uma moeda, uma cidadania e um presidente únicos, o que desejam é acesso ao mercado russo para seus produtos", disse à AFP.

Para a Rússia a nova união é "um projeto geopolítico", apesar de Putin ter declarado na semana passada que não desejava ressuscitar a URSS.

"A Rússia nunca deixou de considerar-se a herdeira do império e da URSS", destaca Makarkin.

*Atualizada às 08h59 do dia 29/05/2014

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