Economia

Rombo nas contas chega a R$ 169 bi e encosta na meta

A cinco meses do fim do ano, rombo nas contas públicas chega a R$ 169 bilhões; meta anunciada é de R$ 170,5 bilhões


	Temer e Padilha: rombo já encostou na meta fiscal do ano, faltando cinco meses para o governo fechar as contas
 (Ueslei Marcelino / Reuters)

Temer e Padilha: rombo já encostou na meta fiscal do ano, faltando cinco meses para o governo fechar as contas (Ueslei Marcelino / Reuters)

DR

Da Redação

Publicado em 11 de agosto de 2016 às 09h31.

Brasília - Faltando menos de cinco meses para o fim do ano, as contas do governo já estão no limite. Na quarta-feira, 11, o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, afirmou que a programação orçamentária do governo para este ano já atingiu um saldo negativo de R$ 169 bilhões, dos R$ 170,5 bilhões previstos na meta fiscal deficitária de 2016.

"Os limites orçamentários do governo federal estão próximos de estourar e ainda temos cinco meses pela frente até o fim do ano", disse Padilha, ao responder a uma pergunta sobre a disposição do governo em socorrer os Estados do Nordeste.

Ele participava de evento ao lado do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles.

Em meio a este cenário, o mercado já aposta no descumprimento da meta fiscal de 2016, apesar de ter sido previsto um rombo muito maior do que o que vinha sendo projetado pela equipe econômica da presidente afastada Dilma Rousseff.

Para o economista-chefe da Gradual Investimentos, André Perfeito, o déficit do governo será maior do que o planejado. Ele ressalta que a equipe econômica acabou concedendo aumentos que o mercado "não imaginava", como o reajuste dos servidores.

"Se olharmos o mercado e os ativos, parece que está tudo bem, mas é pela liquidez lá fora. Tem aquele ditado: 'a paciência tem limite'", disse.

O economista avaliou ainda que, mesmo que o governo resolva aumentar impostos após o impeachment para recuperar parte das receitas, o efeito em 2016 será muito pequeno.

Sem reserva

A meta fiscal que prevê um déficit de até R$ 170,5 bilhões este ano tinha uma "reserva" de R$ 18,1 bilhões para absorver possíveis frustrações nos planos, como receitas não concretizadas.

Mas esse fôlego foi embora no mês passado, quando o governo resolveu usá-la para evitar contingenciamento de recursos do orçamento - ou seja, cortes de gastos.

Na ocasião, o governo precisou usar R$ 16,5 bilhões dessa reserva, sendo que R$ 10,774 bilhões foram decorrentes de expectativas de receita não concretizadas.

O ministro interino do Planejamento, Dyogo Oliveira, já havia indicado receio em torno de um eventual estouro da meta. Em julho, ele disse que o governo começava a se preocupar com receitas que estavam caindo mais que o esperado, o que, consequentemente, atrapalha o cumprimento da meta fiscal.

"A meta é realista e não embute folgas. Hoje há, por exemplo, muitas dúvidas sobre a efetividade da estimativa de receitas de R$ 20 bilhões com a repatriação de recursos do exterior. Só saberemos efetivamente em novembro o valor", disse, na ocasião.

A programação orçamentária à qual se referiu o ministro da Casa Civil é referente ao ano completo de 2016, ou seja, hoje o governo tem apenas R$1,5 bilhão para suprir riscos fiscais.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Acompanhe tudo sobre:Ajuste fiscal

Mais de Economia

‘Se você pretende ser ‘miss simpatia’, seu lugar não é o Banco Central’, diz Galípolo

Rui Costa fala em dialogar com o mercado após dólar disparar: 'O que se cobrava foi 100% atendido'

Lula chama corte gastos de 'medida extraordinária': 'Temos que cumprir o arcabouço fiscal'