Economia

Robôs substituem mão de obra barata na Europa Oriental

Enquanto a economia da Hungria cresceu quase 5% em 2019, o setor de manufatura cortou quase 23 mil empregos

Com escassez de mão de obra barata, empresários substituíram funcionários por robôs (Bernadett Szabo/Reuters)

Com escassez de mão de obra barata, empresários substituíram funcionários por robôs (Bernadett Szabo/Reuters)

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Reuters

Publicado em 9 de março de 2020 às 14h29.

Hungria — A fábrica da Istvan Simon no oeste da Hungria produz mais de um milhão de peças de plástico por dia, mas em uma manhã movimentada há apenas o som das máquinas funcionando. Os funcionários quase desapareceram.

Transformações semelhantes estão em andamento nas linhas de produção em toda a parte leste da União Europeia, à medida que os crescentes salários diminuem a reputação da região como local barato para instalar uma fábrica. Os proprietários de fábricas da Hungria à República Tcheca e Polônia encontram-se com poucas opções, exceto investir na automação de seus processos de produção, se quiserem permanecer competitivos.

A produção na região cresceu desde que a UE se expandiu para leste em meados dos anos 2000, com empresas como as montadoras Audi e Daimler abrindo linhas de produção locais e criando ecossistemas de fornecedores, mas um forte crescimento econômico recente levou à escassez de trabalhadores e alta nos salários.

"Podemos ver o trabalho humano sendo substituído por máquinas e inteligência artificial", disse o líder sindical húngaro Zoltan Laszlo. "Não apenas no setor automotivo ... mas também nas indústrias de aço e de máquinas.

"Esses investimentos já podem ser vistos nesses setores, levando à perda de empregos.", afirmou.

Enquanto a economia da Hungria cresceu quase 5% em 2019 e os investimentos em manufatura subiram no ritmo mais rápido em três anos, o setor cortou quase 23 mil empregos, encerrando um ciclo de seis anos de crescimento de empregos. Os dados checos mostraram perda anual de quase mil empregos na indústria no terceiro trimestre, sugerindo que o emprego no setor poderia ter diminuído no ano inteiro pela primeira vez desde 2013.

Em um centro de distribuição perto de Praga, a fabricante checa de iogurte Hollandia Karlovy Vary instalou três braços robóticos no ano passado para organizar e carregar iogurtes em paletes, substituindo o trabalho de 10 pessoas que foram transferidas para outras posições.

Enquanto isso, a maior varejista de roupas da Polônia, LPP planeja investir em logística e automação, numa tentativa de melhorar margens e combater os custos trabalhistas mais altos.

Judit Kovacs, gerente da empresa de recursos humanos Randstad, disse que as fábricas com alta capacidade de utilização no oeste da Hungria começaram a reduzir o número de funcionários em 2019, enquanto novas fábricas no leste do país estão sendo planejadas com um alto grau de automação, conforme investidores tentam reduzir custos do mercado de trabalho.

Não é apenas a produção que está sendo assumida pelas máquinas, a unidade húngara da seguradora Allianz, por exemplo, está automatizando o processamento de dados para compensar os crescentes custos salariais.

A Federação Internacional de Robótica (IFR) espera que a venda de robôs nas principais economias da Europa Oriental suba até 2022. E, embora reconheça que alguns empregos desaparecerão, não prevê um grande efeito líquido sobre os empregos.

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