Economia

Robôs reinventam indústria da China, que quer multiplicá-los por 10

Governo quer atingir 1,8 milhão de unidades no período

Em uma fábrica de eletrodomésticos, 28 pessoas eram necessárias para realizar um serviço que agora só precisa de três (Hendrik Schmidt/Getty Images)

Em uma fábrica de eletrodomésticos, 28 pessoas eram necessárias para realizar um serviço que agora só precisa de três (Hendrik Schmidt/Getty Images)

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EFE

Publicado em 1 de junho de 2019 às 12h45.

Hangzhou — Onde 28 trabalhavam como soldadores, agora três são supervisores. Onde 12 pintavam, agora dois revisam: a revolução dos robôs nas cadeiras de produção avança a passos gigantescos na China, um país que planeja ampliar por dez a quantidade desse tipo de máquina na indústria até 2025.

"Os robôs revolucionaram, sobretudo, nossa linha de produção. Temos números. Enquanto antes 430 pessoas trabalhavam, agora só são necessárias 138 para fazer as mesmas tarefas", disse à Agência Efe Zhang Rongzhong, subdiretora da DE&E, que fabrica eletrodomésticos.

Em um breve percurso pela fábrica da empresa na cidade de Hangzhou, no leste da China, é possível perceber a mudança: são poucas pessoas e muitos robôs na linha de produção.

"A soldagem via laser robótica tem uma precisão muito alta, é o método mais avançado e a qualidade dos produtos soldados fica muito consistente", contou uma das funcionárias da empresa que guiou a Agência Efe durante um tour pelas instalações da DE&E.

Com as máquinas tradicionais, 28 pessoas eram necessárias para realizar o serviço. Agora, a empresa precisa de somente três para movimentar as peças enquanto o Motoman Yaskaw faz o trabalho de soldagem em uma velocidade muito superior à humana.

Na área que produz prensados de chapa metálica, antes trabalhavam nove pessoas. Hoje, só uma supervisiona como as máquinas fazem as carcaças que serão colocadas sobre a estrutura dos eletrodomésticos.

Um dos maiores avanços está na pintura. Graças a dois robôs que lançam jatos de alta pressão a partir de 24 pistolas, uma equipe de 12 pessoas que antes pintavam os eletrodomésticos à mão agora evita o contato direto com produtos químicos.

"Tivemos muitos problemas com a saúde dos trabalhadores no passado porque não é recomendável passar tanto tempo trabalhando com substâncias químicas", explicou a porta-voz da empresa.

O mesmo ocorreu no uso das chapas. Afiadas demais, elas causavam acidentes se manuseadas incorretamente pelos funcionários, um problema que deixou de ocorrer com a utilização dos robôs.

"Utilizando as máquinas certas para tarefas perigosas podemos proteger a saúde dos nossos trabalhadores", ressaltou Zhang.

Com o plano industrial "Made in China 2025", o governo chinês quer multiplicar a quantidade de robôs utilizados no país em dez nos próximos seis anos, atingindo 1,8 milhão de unidades no período.

A robótica está transformando o mercado de trabalho na China, mas não de uma forma alarmista como se previa há uma década, quando se imaginava que os robôs deixariam os humanos totalmente sem trabalho.

O Fórum Econômico Mundial, no relatório "O Futuro do Trabalho", de 2018, acredita que mais da metade dos empregos existentes hoje serão substituídos por tarefas realizadas por máquinas.

O cálculo é que os robôs "destruirão" 50 milhões de empregos, mas criarão outros 130 milhões em torno do setor. Por isso, segundo o relatório, trabalhadores e governos terão que fazer um esforço enorme de adaptação nos próximos anos.

Zhang confirma as projeções. Nem todos os trabalhadores substituídos por máquinas na empresa foram mandados embora.

"Alguns foram treinados e trabalham no nosso centro de qualificação tecnológica ou no centro de desenvolvimento tecnológico. Mas, sim, é verdade que tivemos que despedir as pessoas com menor qualificação", reconheceu a porta-voz da DE&E.

A direção da empresa afirma que a fábrica é uma das mais modernas do país. A joia da coroa é um armazém todo robotizado, que aumentou a capacidade do espaço em cerca de cinco vezes a partir de técnicas de big data, reduzindo a zero a taxa de erros de entrega.

Os 24 mil metros cúbicos de capacidade antes eram operados por 120 trabalhadores. Agora, são necessários apenas dois.

No entanto, comparada a outros países como o Japão, a China ainda tem uma baixa taxa de automatização. Em 2018, o índice era de 68 robôs por cada 10 mil trabalhadores industriais. Na Coreia do Sul, líder mundial, são 631 máquinas para cada funcionário.

Mas o incentivo do governo é grande. Com grandes subsídios, as empresas robóticas estão se multiplicando no país e ganhando força também com a mudança de modelo econômico da China.

"Os custos trabalhistas estão cada vez maiores. Se o país quer manter o posto de maior exportador global, as empresas chinesas deverão substituir os humanos por robôs", disse o presidente da Associação de Robótica de Guangdong, Ren Yutong, em recente entrevista ao jornal independente "South China Morning Post".

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