Economia

Roberto Azevedo se defende de críticas do governo Trump à OMC

Governo Trump diz considerar que a entidade não é capaz de impedir práticas desleais e prometeu ação "mais agressiva" para defender os interesses dos EUA

Roberto Azevedo: "estou disposto a sentar e conversar sobre essas preocupações e qualquer outro problema com a equipe dos Estados Unidos quando esta estiver pronta" (Fabrice Coffrini/AFP)

Roberto Azevedo: "estou disposto a sentar e conversar sobre essas preocupações e qualquer outro problema com a equipe dos Estados Unidos quando esta estiver pronta" (Fabrice Coffrini/AFP)

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AFP

Publicado em 2 de março de 2017 às 11h44.

O diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), o brasileiro Roberto Azevedo, reagiu à crítica do governo de Donald Trump, que considera que a entidade não é capaz de impedir práticas desleais e, por isso, prometeu uma atitude "mais agressiva" para defender os interesses dos Estados Unidos.

"O status quo é indefensável. Por muito tempo, os americanos perderam partes do mercado em benefício de outros países, em parte porque as nossas empresas e os nossos trabalhadores não tiveram uma chance real para medir a concorrência estrangeira", declarou o Escritório do Representante de Comércio dos EUA (USTR) - equivalente ao ministério do Comércio Exterior - no seu plano de ação apresentado ao Congresso na quarta-feira.

Azevedo contra-atacou a posição de Washington e observou que "é claro que os Estados Unidos têm muitas preocupações sobre o comércio, incluindo o funcionamento do Órgão de Solucionamento de Diferenças da OMC (OSD)".

"Estou disposto a sentar e conversar sobre essas preocupações e qualquer outro problema com a equipe dos Estados Unidos quando esta estiver pronta", afirmou em um breve comunicado.

Trump - que conquistou a presidência com a promessa de repatriar empregos - já criticou diversas vezes a política comercial chinesa e o papel da OMC, que é responsável por regular divergências entre países.

De acordo com USTR, as regras da OMC são baseadas na "ideia implícita" de que os Estados aplicam os princípios da economia de mercado, apesar de "vários grandes jogadores" ignorarem e muitas vezes esconderem as suas irregularidades no livre comércio por trás de sistemas que "não são suficientemente transparentes".

"A incapacidade do sistema de fazer esses países prestarem contas leva a uma perda de confiança", insistiu o USTR.

O relatório também afirma que os Estados Unidos não vão se sentir legalmente vinculados pelas decisões da OMC que lhe forem desfavoráveis.

"Os americanos não são diretamente sujeitos às decisões da OMC", aponta o escritório.

Esta decisão marca uma clara ruptura com sua posição passada e poderia ameaçar o Órgão de Solucionamento de Diferençasda OMC, que defendeu o mesmo como "a chave do sistema comercial multilateral".

O USTR confirmou que os Estados Unidos vão se concentrar a partir de agora nos acordos bilaterais, em detrimento dos grandes tratados regionais.

Em várias declarações públicas, Azevedo tentou minimizar a ameaça representada por Trump, que durante sua campanha chamou a OMC de "desastre" e ressaltou que os acordos comerciais multilaterais devastaram a economia americana.

Umas das primeiras medidas adotadas por Trump ao assumir o poder foi tirar o país do Acordo Transpacífico (TTP).

Desde 1995, o OSD da OMC analisou mais de 500 casos envolvendo a quebra das regras comerciais, A OMC não pode punir os países que não cumprem o regulamento, mas pode autorizar medidas de represália.

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