Economia

Riscos para inflação são de alta, alerta presidente do BCE

Enquanto outros bancos centrais como o britânico e o americano apertam a política monetária, o BCE deixou-a inalterada mais cedo, permanecendo no caminho de fornecer estímulos abundantes

 (Ralph Orlowski/Reuters)

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Reuters

Publicado em 3 de fevereiro de 2022 às 14h58.

Última atualização em 3 de fevereiro de 2022 às 15h44.

A presidente do Banco Central Europeu reconheceu nesta quinta-feira que a inflação na zona do euro está mais forte do que o esperado e com riscos inclinados para cima, mas continuou a prever que ela vai arrefecer ao longo deste ano.

Falando depois de o BCE ter deixado a política monetária inalterada, conforme esperado, Lagarde disse em entrevista à imprensa que as autoridades não vão se precipitar com novos movimentos, mas também escolheu não repetir seu comentário anterior de que uma alta dos juros neste ano é muito improvável.

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"A inflação deve permanecer elevada por mais tempo do que o esperado anteriormente, mas cairá ao longo deste ano. Em comparação com nossas expectativas de dezembro, os riscos para a inflação são de alta, particularmente no curto prazo", disse ela.

"A situação de fato mudou."

Lagarde disse a repórteres que, embora tenha havido "preocupação unânime" entre os membros do Conselho do BCE sobre a inflação, eles também estavam determinados a não tirar conclusões precipitadas até que mais informações estejam disponíveis.

"Continuaremos a observar a sequência com a qual concordamos e [seremos]... graduais em qualquer determinação que fizermos", disse ela.

Enquanto outros bancos centrais como o britânico e o americano apertam a política monetária, o BCE deixou-a inalterada mais cedo, permanecendo no caminho de fornecer estímulos abundantes.

Lagarde disse que a taxa de inflação de janeiro acima do esperado, de 5,1%, foi resultado do impacto direto e indireto de um aumento nos custos da energia, com preços mais altos de alimentos também pesando devido a custos elevados de transporte e fertilizantes.

Ela disse ainda que o impacto da pandemia de covid-19 está se tornando menos agudo a cada onda, mas destacou que as medidas nacionais de contenção do vírus ainda podem afetar a atividade.

Há muito o banco central dos 19 países que partilham o euro argumenta que a inflação diminuirá em breve, sem sua intervenção, e que, na verdade, recuará abaixo de sua meta de 2% até o fim do ano, de modo que retirar o apoio agora seria contraproducente.

Mas agentes financeiros e várias autoridades começaram a questionar essa narrativa, especialmente porque o BCE subestimou persistentemente o pico atual da inflação, forçando-o a revisar repetidamente suas previsões.

Os mercados já duvidam das projeções do BCE e estão precificando aumentos de 40 pontos-base nos juros neste ano, apesar da insistência do banco de que qualquer movimento em 2022 é muito improvável.

Com a decisão desta quinta-feira, a taxa de depósito do BCE permanece em uma mínima recorde de -0,5% e o banco ainda está em curso de eliminar gradualmente seu esquema de compra de títulos de emergência da pandemia de € 1,85 trilhão até o final de março.

Nos próximos trimestres, as compras de títulos serão reduzidas em várias etapas, mas ainda estão programadas para ser executadas em período indefinido.

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