Economia

Riscos fiscais à estabilidade financeira são os mais citados por bancos e corretoras, informa BC

As informações fazem parte do Relatório de Estabilidade Financeira, divulgado nesta quinta-feira, 21, pela autoridade monetária

Banco Central: segundo autoridade monetária, instituições financeiras têm preocupação com a trajetória da dívida pública e com os impactos da política fiscal nos preços de ativos e na política monetária (Leandro Fonseca/Exame)

Banco Central: segundo autoridade monetária, instituições financeiras têm preocupação com a trajetória da dívida pública e com os impactos da política fiscal nos preços de ativos e na política monetária (Leandro Fonseca/Exame)

Antonio Temóteo
Antonio Temóteo

Repórter especial de Macroeconomia

Publicado em 21 de novembro de 2024 às 08h34.

Última atualização em 21 de novembro de 2024 às 08h36.

Os riscos fiscais são citados por bancos e corretoras como as maiores fontes de preocupação à estabilidade financeira, informou o Banco Central (BC) nesta quinta-feira, 21, no Relatório de Estabilidade Financeira. Segundo a autoridade monetária, a percepção de risco dos agentes econômicos aumentou entre fevereiro e agosto, período em que foram realizadas duas rodadas da Pesquisa de Estabilidade Financeira.

O relatório informou que os riscos fiscais cresceram no período analisado e refletem a preocupação com a trajetória da dívida pública e com os impactos da política fiscal nos preços de ativos e na política monetária.

“Muitos respondentes ressaltaram o risco de deterioração das contas públicas, que impactaria a curva de juros e a taxa de câmbio, e poderia afetar a condução da política monetária. Nesse cenário, a elevação dos custos de captação e o aumento do risco de mercado afetariam negativamente o balanço das instituições financeiras”, informou o BC, no relatório.

Capacidade de pagamento desafiadora

Apesar dos sinais econômicos favoráveis, o BC informou que a capacidade de pagamento das famílias e das micro, pequenas e médias empresas (MPMEs) segue “desafiadora”. Segundo a autoridade monetária, o mercado de trabalho tem surpreendido positivamente em relação a nível de ocupação, taxa de desocupação e renda.

“Não obstante, o endividamento e o comprometimento de renda das famílias persistem elevados. No caso das MPMEs, apesar do dinamismo recente do comércio, dos serviços e da indústria, há crescente volume de requerimentos de recuperação judicial e percepção de alavancagem elevada. Além disso, o novo ciclo de aumento da taxa básica de juros pode elevar a pressão sobre a capacidade de pagamento de empresas e famílias”, informou o BC.

Mesmo com o ambiente desafiador, as instituições financeiras elevaram “levemente” o apetite de risco, informou a autoridade monetária. Para as famílias, além da reaceleração em quase todas as modalidades de crédito, houve alguma flexibilização nos critérios de contratação, especialmente em financiamento de veículos.

“Para as empresas, o ritmo de crescimento do crédito aumentou, mas os critérios de contratação não se alteraram de forma significativa. Os riscos relacionados à situação financeira de famílias e empresas continuam demandando a preservação da qualidade das concessões”, afirmou o BC, no relatório.

Risco de crédito estável

Mesmo com o avanço dos riscos e dos desafios de curto prazo na capacidade de pagamento das famílias e das empresas, o BC informou que o risco de crédito deve seguir estável e com potencial de redução para grandes empresas.

“No que tange às pessoas físicas, a expectativa de estabilizar-se deve-se a efeitos compensatórios. Por um lado, melhora no mix de produtos e atividade econômica aquecida; por outro, elevado comprometimento de renda e leve piora nos critérios de contratação. No caso das MPMEs, não se observaram alterações relevantes na qualidade das operações contratadas, ainda que tenha ocorrido alguma descompressão na margem”, informou o BC.

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