Economia

Risco de descumprimento da meta de inflação existe em 2015

Com a depreciação do real e o aumento nos preços de alimentos, gestora ARX Investimentos diz que o topo da meta pode ser descumprido em 2014 e 2015


	Supermercado: Cumprimento do teto da meta de inflação, de 6,5% ao ano, depende do câmbio e do preço dos alimentos, segundo gestora
 (AFP/ Fabian Gredillas)

Supermercado: Cumprimento do teto da meta de inflação, de 6,5% ao ano, depende do câmbio e do preço dos alimentos, segundo gestora (AFP/ Fabian Gredillas)

DR

Da Redação

Publicado em 9 de novembro de 2014 às 16h52.

São Paulo - A depreciação do real neste ano e no próximo e a reaceleração dos preços dos alimentos no atacado e em coletas no varejo acionam o sinal de alerta sobre o sistema de metas de inflação. Para a economista-chefe da gestora ARX Investimentos, Solange Srour, há risco de o topo da meta ser descumprido em 2014 e também em 2015.

"O cumprimento [do teto de 6,5%] vai depender basicamente do preço dos alimentos e do repasse da variação do câmbio para os preços, inclusive em 2015, apesar da previsão de desaceleração da atividade econômica no ano que vem", diz Solange.

Ela afirma que o IPCA abaixo do previsto em outubro neutraliza apenas parte do reajuste nos combustíveis, anunciado ontem pelo governo.

Na projeção da economista, o indicador do mês passado viria 0,6 ponto porcentual acima do 0,42% divulgado esta semana pelo IBGE. Já o reajuste de 3% nos combustíveis na refinaria tende a aumentar em 0,8 ponto porcentual o IPCA. "Ou seja, ainda há um impacto [de 0,2 ponto porcentual] sobre a inflação. Mas o mais importante na questão do aumento do combustível é que o reajuste dado decepcionou muito os investidores, o que já reflete nos mercados, inclusive no câmbio", diz Solange.

Na avaliação da economista, a desaceleração do IPCA em outubro "não dá fôlego algum" para uma possível manutenção da Selic. "A boa notícia do IPCA é muito pequena diante das más notícias em termos de inflação para o ano que vem", afirmou.

Ela prevê que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central poderá elevar os juros em 0,50 p.p. na próxima reunião, e não apenas em 0,25 p.p. como esperam muitos analistas do mercado financeiro.

A economista disse considerar que o Copom vai continuar "especialmente vigilante", como afirmou na ata, diante da dinâmica do câmbio, da alta dos preços no atacado e "principalmente porque a dinâmica dos preços administrados para o próximo ano vem se mostrando mais negativa". "Com as notícias que temos hoje, a tendência é de aumentar a projeção para os preços administrados no ano que vem", afirmou.

Mesmo diante dessas possíveis pressões, Solange afirmou que a ARX Investimentos espera atualmente que o IPCA fique em torno de 0,58% em novembro e em 0,75% em dezembro, fechando 2014 "cravado" no teto da meta, de 6,5%.

Já para o câmbio, Solange espera que o dólar se mantenha no patamar de R$ 2,60 até o fim do ano, podendo sofrer influências do cenário internacional, sobretudo, dos Estados Unidos.

Acompanhe tudo sobre:economia-brasileiraInflação

Mais de Economia

‘Se você pretende ser ‘miss simpatia’, seu lugar não é o Banco Central’, diz Galípolo

Rui Costa fala em dialogar com o mercado após dólar disparar: 'O que se cobrava foi 100% atendido'

Lula chama corte gastos de 'medida extraordinária': 'Temos que cumprir o arcabouço fiscal'