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'Risco de aprovar isenção do IR até R$ 5 mil sem compensação é mínimo', diz Haddad

Em entrevista a uma emissora de TV nesta sexta-feira, o ministro da Fazenda reafirmou acordos em andamento com o Congresso

Agência o Globo
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Publicado em 11 de abril de 2025 às 21h04.

Última atualização em 11 de abril de 2025 às 21h10.

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O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse ser pouco provável que a proposta de isenção do imposto de renda (IR) para trabalhadores que ganham até R$ 5 mil avance sem que o Congresso Nacional aprove, ao mesmo tempo, as medidas de compensação para a perda de arrecadação.

O projeto estabelece um imposto mínimo de 10% para pessoas com renda anual superior a R$ 1,2 milhão. Em entrevista à BandNews nesta sexta-feira, Haddad disse que já há acordos “firmados” nesse sentido.

— Eu vejo como algo impossível de acontecer pelos acordos que foram firmados. Não é que não tenha risco, mas nós fizemos um acordo. Eu não vejo nenhuma perspectiva no sentido de abrir um rombo nas contas públicas.

O ministro disse também que a proposta de isenção do IR conta com quase 80% de aprovação da população.

A declaração de Haddad ocorre após o deputado Arthur Lira (PP), relator da proposta, ter sinalizado a aliados que pretende resgatar trechos de um projeto aprovado pela Câmara em 2021, que previa alíquota de 15% sobre lucros e dividendos.

Segundo esse outro texto, continuariam isentos os lucros e dividendos pagos por empresas do Simples Nacional e por aquelas que optam pelo lucro presumido com faturamento de até R$ 4,8 milhões por ano.

Também permaneceriam isentos dividendos de até R$ 20 mil mensais distribuídos por pequenos negócios e entre empresas de um mesmo grupo econômico.

Brasil está em posição privilegiada para enfrentar ‘tarifaço’

Haddad também reforçou que o Brasil ocupa uma posição privilegiada para enfrentar as tarifas protecionistas do governo de Donald Trump.

Segundo ele, isso abre espaço para o país ampliar suas exportações aos Estados Unidos. O ministro mencionou as reservas internacionais como um “colchão de proteção” importante e destacou a ampliação dos acordos bilaterais:

— Não temos condição ainda de analisar antes de estabilizar o quadro. O Brasil, na minha opinião, tem uma posição privilegiada em virtude do fato de que o país aumenta suas exportações para os grandes blocos econômicos. Nós estamos exportando mais para os Estados Unidos, exportando mais para a União Europeia, exportando mais para a China. Temos acordos bilaterais com a China muito relevantes e com o Sudeste Asiático, que é superparceiro do Brasil nesse momento.

O ministro ressaltou ainda a relação histórica entre Brasil e Estados Unidos, e disse que é preciso manter esse vínculo, mas ponderou que o Brasil não está imune aos efeitos da guerra comercial. Segundo ele, representantes do governo brasileiro estão em diálogo com os EUA para “fazer valer” as prerrogativas do Brasil como o principal parceiro comercial americano na América do Sul:

“O Itamaraty e o ministro do Desenvolvimento, que vem a ser o vice-presidente da República [Geraldo Alckmin], estão em contato permanente com os Estados Unidos para que o Brasil faça valer suas prerrogativas de parceiro preferencial dos Estados Unidos aqui, na América do Sul. Então, nós queremos fazer valer uma amizade histórica que temos com os Estados Unidos e boas relações que foram cultivadas há um monte de décadas.”

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