Economia

Rio ganha novos bancos comunitários que emprestam dinheiro próprio a juro zero

Essas novas agências se diferenciam das instituições financeiras tradicionais por não visarem ao lucro nas operações

O principal objetivo dos bancos é fortalecer o comércio e a comunidade onde se localizam, por meio de empréstimos com juros baixos (Oscar Cabral/Veja)

O principal objetivo dos bancos é fortalecer o comércio e a comunidade onde se localizam, por meio de empréstimos com juros baixos (Oscar Cabral/Veja)

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Da Redação

Publicado em 15 de setembro de 2011 às 07h04.

Rio de Janeiro – Os bancos comunitários ganham força no Rio, com a inauguração de três agências nesta semana. Depois da abertura ontem (13) de uma agência no bairro do Preventório, em Niterói, e de outra hoje (14), no bairro de Saracuruna, em Duque de Caxias, amanhã (15) será inaugurada uma unidade na Cidade de Deus, na zona oeste da capital.

Os bancos comunitários se diferenciam das instituições financeiras tradicionais por não visarem ao lucro nas operações, embora tenham estrutura e práticas semelhantes, precisando inclusive de registro no Banco Central para funcionar. O principal objetivo é fortalecer o comércio e a comunidade onde se localizam, por meio de empréstimos com juros baixos, quando se trata de dinheiro real, ou até a juro zero, quando a operação for feita nas moedas sociais, que só têm valor no bairro.

No Preventório, o dinheiro se chama Prevê, em Saracuruna, Saracura, e na Cidade de Deus, os pagamentos poderão ser feitos com o CDD. Nos dois primeiros casos, a implantação do projeto contou com técnicos da Universidade Federal Fluminense (UFF) e dinheiro aportado pela concessionária de energia Ampla, em um total de R$ 1 milhão.

O projeto da UFF foi desenvolvido pela Incubadora de Empreendimentos em Economia Solidária, coordenada pela socióloga Bárbara França. “Nós adaptamos a experiência do Banco Palmas, que começou há 13 anos em Fortaleza. Os bancos comunitários são inovadores porque vão gerar trabalho e renda com o desenvolvimento local, sob o protagonismo dos próprios moradores. São eles que organizam a associação que vai gerir o banco, que produzirá empréstimos para serem consumidos exclusivamente nas comunidades”, explicou Bárbara.

A ideia é incentivar o pagamento no comércio local com a moeda social, por meio da concessão de desconto de 10% nas compras. Para investimentos produtivos, podem ser feitos empréstimos de até R$ 800 em dinheiro real, que deverão ser pagos em até seis meses, a juros de 2,5%. Se o objetivo for o consumo com o dinheiro social, o juro é zero, mas o prazo de devolução é um mês.

Segundo a socióloga, embora não haja restrição imediata, se o nome do tomador estiver no Sistema de Proteção ao Crédito (SPC), é feita uma avaliação com a vizinhança, que dará testemunho sobre a fama de bom pagador do cliente. Para combater a inadimplência, que costuma ficar entre 2% e 5%, é feito um trabalho de conscientização na comunidade.


Para a empresa Ampla, o dinheiro investido no projeto dará retorno por meio de formação de renda e desenvolvimento local e também com o impulso econômico do bairro, o que poderá se traduzir em maior consumo de energia. A responsável pelo setor de projetos sociais da empresa, Gislene Rodrigues, ressaltou que o principal ganho é o fortalecimento da organização comunitária.

“É um projeto piloto, com o objetivo de melhorar a qualidade de vida da população local, por meio da economia solidária. A geração de renda é uma demanda que vem muito forte. O banco comunitário potencializa isso, pois trabalha com crédito produtivo e crédito de consumo, o que aumenta o empreendedorismo na comunidade”, disse Gislene.

No estado do Rio, a primeira experiência de banco comunitário foi no município de Silva Jardim, onde circula a moeda social Capivari. No Brasil, já são 63 bancos comunitários operando com microcrédito. Informações sobre as experiências na área podem ser acessadas no endereço www.bancocomunitario.com.

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