Economia

Ricardo Amorim: Trump pode ser a pedra no sapato do Brasil

Para economista, retomada de crescimento do país pode ser certa, se o governo fizer o corte de gastos necessários – e os Estados Unidos não atrapalharem

Ricardo Amorim: Trump fez discurso de vitória mais ameno na tentativa de acalmar os mercados (Divulgação)

Ricardo Amorim: Trump fez discurso de vitória mais ameno na tentativa de acalmar os mercados (Divulgação)

Tatiana Vaz

Tatiana Vaz

Publicado em 9 de novembro de 2016 às 21h21.

Última atualização em 9 de novembro de 2016 às 21h26.

São Paulo – Nesta madrugada, quando se deu conta de que Donald Trump venceria as eleições americanas, Ricardo Amorim entendeu que teria de mudar o conteúdo da palestra que daria sobre as projeções para a economia do Brasil, durante o HSM Expo 2016, em São Paulo.

Porém, a única certeza que ele teve, então, foi a mesma do mercado: nenhuma.

“Tudo o que o mercado econômico mais odeia é a incerteza”, afirmou o economista. “Trump pode ser a pedra no caminho da retomada de crescimento do Brasil”.

Enquanto a vitória do republicano avançava, as bolsas em todo mundo desabavam durante a madrugada, resultado da expectativa do mercado, analisou Amorim. Com a consciência de que, assim, herdaria o caos do mercado, Trump fez um discurso de vitória bem mais ameno, na tentativa de acalmar os ânimos.

“Quem apareceu na manhã foi o “Trumpinho paz e amor” e o mercado se acalmou”, afirmou.

A grande questão daqui para frente, na opinião do economista, é saber quem realmente governará os Estados Unidos – o Trump candidato, eleito com a plataforma “eu vou dar porrada em todo mundo”; ou o ponderado do discurso vitorioso desta manhã.

“Se colocar em prática o do discurso, será bom para a economia, mas desagradará os eleitores que o escolheram pela postura agressiva”, comentou ele. “Caso contrário, a economia virará um caos, um tsunami que vai abalar o Brasil e o mundo”.

Antes de hoje

Antes da eleição de Trump, as projeções de Amorim é de que a melhora da economia brasileira poderia vir a partir de 2017, com crescimentos acima de 3% ao ano – um caminho progressivo de evolução depois de um tempo de queda.

“O declínio veio com o governo Dilma, depois de um tempo de evolução contínua”, comentou. “A Dilma foi a pedra no caminho da trajetória da economia do país”.

Na sua visão de economista, brasileiro e palmeirense, brincou ele, há uma certeza: a de que as crises sempre passam. Para ele, os estágios de bonança e queda são cíclicos, se alternam.

“E as projeções de melhora sempre são conservadoras, o que quase sempre gera resultados melhores que os esperados”, afirmou.

A grande vantagem de Michel Temer hoje é que ele tem a confiança do mercado. Falta, agora, colocar em prática uma política de teto de gastos e ajuste das contas públicas, pensa Amorim.

“Nunca antes na história deste planeta, os mercados emergentes cresceram tão pouco”, afirmou. “A estimativa é que eles voltem a crescer com força nos próximos anos, com a migração de outras centenas de milhões de chineses e indianos do campo para as cidades”.

Além das decisões econômicas dos países, o que pode atrapalhar é um fator externo, ou seja, o fator Trump – e seja lá qual estilo ele for adotar daqui para frente.

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