Economia

Revisões positivas do PIB devem continuar, diz Mota, da Exame Research

O mercado melhorou a previsão para o PIB do ano pela segunda semana seguida; otimismo reflete surpresa com dados da atividade de maio e junho

CRESCIMENTO: FMI prevê que, em 2017, economia brasileira vai crescer 2,2% (Brian Snyder/Reuters)

CRESCIMENTO: FMI prevê que, em 2017, economia brasileira vai crescer 2,2% (Brian Snyder/Reuters)

Ligia Tuon

Ligia Tuon

Publicado em 13 de julho de 2020 às 12h29.

Última atualização em 14 de agosto de 2020 às 12h40.

Economistas e analistas de mercado melhoraram pela quarta semana seguida a expectativa para o avanço da economia em 2020 nesta segunda-feira, 27.

Refletidas pelo Boletim Focus, do Banco Central, a mediana de todas as previsões para o Produto Interno Bruto (PIB) deste ano foi de uma queda de 5,95% para 5,77%.

Para 2021, permanece a expectativa de um crescimento do PIB de 3,50%.

A melhora reflete um maior otimismo com a atividade no segundo trimestre, após números dos setores de indústria e comércio terem mostrado que a reação às medidas de isolamento social em maio foi melhor do que o esperado, indicando que o fundo do poço para a economia ficou em abril.

Esse movimento, segundo Arthur Mota, economista da Exame Research, possibilita uma leitura mais positiva para o segundo trimestre e, consequentemente, para o ano como um todo:

"Aumentam as chances de uma contração de apenas um dígito de abril a junho, lembrando que até então o mercado já precificava uma queda do PIB de quase 13% nesse período", diz.

A expansão dos pagamentos do auxílio emergencial tiveram um impacto positivo no período, explica o economista, e deve continuar gerando efeito positivo no terceiro, principalmente no comércio: "É bem possível que essas últimas revisões positivas sejam apenas as primeiras".

A pujança do agronegócio também deve puxar o desempenho dos serviços, de acordo com Arthur Mota, "principalmente no caso de transporte, o que pode balancear esse resultado mais fraco", diz.

A previsão da casa de análise para o PIB do ano está em -6,50%, mas "invariavelmente vamos fazer uma revisão mais positiva justamente por conta desse segundo trimestre", diz Mota.

O otimismo cresce apesar do resultado negativo que teve em maio o setor de serviços, tido como o motor do PIB brasileiro devido à sua relevância. A atividade do setor recuou 0,9% no mês, de acordo com a Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), publicada pelo IBGE, enquanto o mercado esperava ver uma recuperação acima de 5%.

O desempenho dos serviços captado pela PMS, nesse contexto, precisa ser relativizado, alerta Sergio Vale, economista-chefe da MB Associados, pois não representa o todo do setor dentro das contas nacionais da União, mas cerca de 35%. O setor como um todo representa 70% do PIB: 

"O setor como um todo envolve outras atividades também, como comércio, que veio melhor em maio e deve vir um pouco melhor em junho", diz.

O ponto positivo não significa, no entanto, que a economia brasileira teve um segundo trimestre bom, dz Vale: "Vai ser uma queda de 14% ou 15% na comparação interanual, levando o PIB do ano a cair acima de 6%, difícil ser melhor do que isso", diz. 

A MB vê recuo de 6,4 no PIB de 2020 e não pretende alterar esse cenário por enquanto. 

Apesar da recuperação ser vista em alguns segmentos, outros ainda estão vão mal, como transporte e, principalmente, turismo, ressalta o economista.

Para Álvaro Bandeira, sócio e economista-chefe do banco digital Modalmais, as últimas revisões significam que o mercado está aparando as arestas, já que chegou-se a falar em quedas muito fortes: "Deve ficar por aí mesmo, com queda de 6% ou 6,5% para o PIB do ano. Se houver onda smais fortes de covid-19, a retração pode ser maior, mas não deve chegar à projeção do FMI", diz.

No fim de junho, o Fundo Monetário Internacional (FMI) projetou contração de 9,1% do PIB brasileiro neste ano, ante o recuo de 5,3% previsto no mês de abril.

A última estimativa oficial divulgada pelo ministério da Economia aponta para uma retração da economia de 4,7% no ano. O secretário de Política Econômica do Ministério da Economia, Adolfo Sachsida, vinha dizendo até meados do começo de junho que esse número teria que ser revisto para baixo. Após dados indicarem que houve uma reação, porém, a sensação melhorou.

 

 

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