Economia

Retrocesso em ajuste de benefício seria negativo, diz banco

Se o governo voltar atrás nas medidas de ajuste do seguro-desemprego estará dando um sinal negativo para o mercado, disse o Credit Suisse


	José Olympio Pereira, do Credit Suisse: "um retrocesso nessas medidas mandaria um sinal extremamente negativo ao mercado", disse
 (Germano Lüders/Exame)

José Olympio Pereira, do Credit Suisse: "um retrocesso nessas medidas mandaria um sinal extremamente negativo ao mercado", disse (Germano Lüders/Exame)

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Da Redação

Publicado em 28 de janeiro de 2015 às 09h50.

São Paulo - Se o governo federal voltar atrás nas medidas de ajuste do seguro-desemprego anunciadas recentemente estará dando um sinal negativo para o mercado, em um momento em que tenta retomar a confiança com medidas de ajuste fiscal, disse nesta terça-feira o presidente-executivo do Credit Suisse no Brasil, José Olympio Pereira.

A declaração vem após o jornal Folha de S.Paulo ter publicado nesta terça-feira que o governo já considera rever parte das mudanças no benefício, devido à pressão de sindicatos.

Na virada do ano, o governo anunciou restrições ao seguro-desemprego, abono-salarial e pensão com morte, em parte para melhorar suas contas fiscais.

"Um retrocesso nessas medidas mandaria um sinal extremamente negativo ao mercado", disse Pereira a jornalistas durante evento anual do banco com clientes.

Na primeira reunião ministerial de seu segundo mandato, a presidente Dilma Rousseff disse nesta terça-feira que as mudanças anunciadas no seguro-desemprego, pensão por morte, entre outras, têm caráter corretivo e que se adéquam às novas condições socioeconômicas do país, mas negou que têm caráter fiscal.

Os números fiscais consolidados do setor público de 2014 serão divulgados na sexta-feira. Pesquisa Reuters aponta para o primeiro déficit primário anual em 10 anos, de 8 bilhões de reais.

INFLAÇÃO, PIB E RACIONAMENTO

Para a equipe de economistas do Credit Suisse, as medidas anunciadas recentemente nos âmbitos fiscal e monetário são insuficientes para que o Brasil volte a ter inflação perto da meta anual de 4,5 por cento nos próximos anos.

O banco prevê para 2015 uma inflação superior a 7 por cento, recuando para a faixa dos 6 por cento em 2016. O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, disse no começo do ano que a inflação anual deve cair para 4,5 por cento no fim do ano que vem.

Para o economista-chefe do Credit Suisse, Nilson Teixeira, para alcançar esse objetivo, o BC precisaria elevar a Selic acima de 13 por cento ao ano.

Na semana passada, o BC elevou a taxa básica em 0,5 ponto, para 12,25 por cento ao ano, maior nível desde setembro de 2011, dentro dos esforços para conter a inflação.

Para Teixeira, o cenário de inflação pode ainda piorar, caso o país passe por um racionamento de energia e desvalorização adicional do câmbio.

Segundo a equipe de pesquisa do Credit, seus modelos internos apontam que a chance de racionamento de eletricidade no país subiu de 20 para 43 por cento em pouco mais de um mês.

Para o banco, cada 10 por cento de redução forçada do consumo no país teria impacto negativo de 1 ponto percentual no PIB.

No cenário-base, o Credit Suisse prevê retração de 0,5 por cento da economia brasileira neste ano.

Segundo Teixeira, por outro lado, a pressão inflacionária pode diminuir se a Petrobras reduzir o preço dos combustíveis até o fim do ano, hipótese que o banco considera possível.

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