Economia

Retórica sobre taxas de câmbio é perigosa, diz vice do BCE

As autoridades precisam ter cuidado para não intensificar a retórica sobre "guerras cambiais", o que pode levar a algo pior, afirmou Vitor Constancio


	"Precisamos ser cautelosos para não aumentar a retórica sobre guerras cambiais, porque se fizermos isso existe o perigo de que algo pior possa acontecer", disse Constancio
 (REUTERS/Kai Pfaffenbach)

"Precisamos ser cautelosos para não aumentar a retórica sobre guerras cambiais, porque se fizermos isso existe o perigo de que algo pior possa acontecer", disse Constancio (REUTERS/Kai Pfaffenbach)

DR

Da Redação

Publicado em 14 de fevereiro de 2013 às 11h40.

Bruxelas - As autoridades precisam ter cuidado para não intensificar a retórica sobre "guerras cambiais", o que pode levar a algo pior, afirmou nesta quinta-feira o vice-presidente do Banco Central Europeu (BCE), Vitor Constancio.

Ao participar de evento da União Europeia, em Bruxelas, ele também disse que taxas de depósito negativas na zona do euro são uma possibilidade, mas acrescentou que essa medida também pode ter efeitos colaterais negativos.

Declarações contraditórias de autoridades dos países do G7 sobre um comunicado do grupo feito para acalmar as tensões cambiais internacionais só levaram a mais volatilidade.

"Precisamos ser cautelosos, na minha opinião, para não aumentar a retórica sobre guerras cambiais, porque se fizermos isso existe o perigo de que algo pior possa acontecer", disse Constancio em um fórum em Bruxelas.

"O euro tem estado volátil... então a situação é o que é", completou ele. "Observamos a taxa cambial porque ela tem um impacto sobre a inflação que estamos analisando o tempo todo." Constancio disse ainda ser uma possibilidade levar para o território negativo a taxa de juros sobre os depósitos dos bancos no BCE e que a autoridade monetária está tecnicamente pronta para adotar a medida, mas sublinhou que nenhuma decisão foi tomada.


A taxa de depósito do BCE está em zero e tem havido especulação no mercado de que ela poderia se tornar negativa para dar aos bancos incentivos para emprestar dinheiro.

"É uma possibilidade", disse o vice do BCE quando questionado se a taxa de depósito poderia ser negativa.

"Nós estamos atentos, mas nenhuma decisão foi tomada. Como já disse, tecnicamente, do ponto de vista técnico, estamos prontos para fazê-lo, se um dia nós decidirmos isso." Quando a taxa de juros sobre depósitos bancários na autoridade monetária é negativa, os bancos têm de pagar pelo dinheiro que mantém no banco central.

Os comentários de Constancio pesaram sobre o euro, que havia sido atingido por números fracos do PIB da região. A moeda comum caía quase 1 por cento a 1,3328 dólares às 12h21.

O vice do BCE lembrou, no entanto, que há um perigo de alterar a taxa de juros sobre os depósitos. "Isso pode levar os bancos --como ocorreu por um período na Dinamarca-- a aumentarem suas taxas de juros cobradas nos empréstimos para compensar o custo que têm por ter de pagar ao banco central", disse Constancio.

Acompanhe tudo sobre:BCEEuropaPolítica cambialZona do Euro

Mais de Economia

Coisas assim levaram ao impeachment de Dilma, diz Meirelles sobre desconfiança com contas públicas

Mercado de trabalho permanece aquecido e eleva desafios à frente

Caged: Brasil criou 232 mil vagas de trabalho em agosto

Pacote de auxílio econômico para companhias aéreas será de R$ 6 bi